O Autor da Natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A natureza
O que prende demais minha atenção
É um touro raivoso numa arena
Uma pulga do jeito que é pequena
Dominar a bravura do leão
Na picada ele muda a posição
Pra coçar-se depressa com certeza
Não se serve da unha nem da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando quanto é
Poderosa e suprema a natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A natureza
Admiro demais o beija-flor
Que com medo da cobra inimiga
Só constrói o seu ninho na urtiga
Recebendo lição do Criador
Observo a coragem do condor
Que nos montes rochosos come presa
Urubu empregado na limpeza
Como é triste a vida do abutre
Quando encontra um morto é que se nutre
Quanto é grande e suprema a natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A abelha por Deus foi amestrada
Sem haver um processo bioquímico
Até hoje não houve nenhum químico
Pra fazer a ciência dizer nada
O buraco pequeno da entrada
Facilita a passagem com franqueza
Uma é sentinela de defesa
E as outras se espalham no vergel
Sem turbina e sem tacho fazem mel
Como é grande o poder da natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A natureza
Não há pedra igualmente ao diamante
Nem metal tão querido quanto o ouro
Não existe tristeza como o choro
Nem reflexo igual ao de um brilhante
Nem comédia maior que a de Dante
Nem existe acusado sem defesa
Nem pecado maior que avareza
Nem altura igual ao firmamento
Nem veloz igualmente ao pensamento
Nem há grande igualmente à natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A natureza
Tem um verso que fala da maconha
Que é uma erva que dá no meio do mato
Se fumada provoca o tal barato
A maior emoção que a gente sonha
A viagem às vezes é medonha
Dá suor dá vertigem dá fraqueza
Porém quase sempre é uma beleza
Eu por mim experimento todo dia
Se tivesse um agora eu bem queria
Pois a coisa é da santa natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A natureza
A Reverência de Zé Ramalho à Supremacia da Natureza
A música O Autor da Natureza, interpretada pelo cantor e compositor Zé Ramalho, é uma verdadeira ode à grandiosidade e ao poder da natureza. Com uma letra que contempla diversos elementos naturais e suas interações, Zé Ramalho tece uma narrativa que destaca a sabedoria intrínseca ao mundo natural e a sua superioridade em relação às criações humanas.
A canção começa com a observação de um touro em uma arena e a capacidade de uma pequena pulga em dominar um leão, ilustrando como até os seres mais diminutos podem exercer influência sobre os mais poderosos. Essa metáfora serve para ressaltar a complexidade e o equilíbrio dos ecossistemas, onde cada criatura, independentemente de seu tamanho, desempenha um papel crucial. A referência ao beija-flor e ao condor exemplifica a adaptação e a sobrevivência em ambientes hostis, enquanto a menção à abelha e ao processo natural de produção de mel evidencia a sofisticação dos processos naturais que a ciência humana ainda luta para compreender plenamente.
A música também aborda a relação do ser humano com elementos naturais como o diamante, o ouro e até mesmo a maconha. Zé Ramalho não se furta a mencionar a erva, reconhecendo tanto os efeitos negativos quanto a beleza que pode ser encontrada em sua utilização. Essa honestidade lírica é característica do artista, que frequentemente explora temas controversos com uma perspectiva pessoal e reflexiva. Em O Autor da Natureza, Zé Ramalho convida o ouvinte a reconhecer e respeitar a natureza como uma força suprema e autônoma, cuja beleza e complexidade são fontes inesgotáveis de inspiração e humildade para a humanidade.