Uma Vez Por Mês / Avião Das Nove

Já que eu não tive a sorte
De ter você meu bem ao meu lado
Eu preciso ser mais forte
Para resistir e viver conformado

Se é que o destino existe
Não foi favorável, para os dias meus
Não tive a felicidade
De ser o pai dos filhos seus
Às vezes a saudade aperta
Eu vou à procura dos velhos amigos
Somente para perguntar
Como vai você, se está tudo bem
Embora sabendo que vive ao lado de outro
Eu me preocupo
É esse o verdadeiro amor
É a paixão de um homem quando ama alguém

Se eu
Não tivesse a força que tenho no peito
Eu seria um boêmio perfeito
E dos botequins, um eterno freguês
Mas eu
Prefiro curtir com dignidade
E para afastar a infinita saudade
Eu bebo somente uma vez por mês
Já comprei passagem para ir embora
Só me resta agora apertar-te a mão
Se já me trocastes por um outro alguém
Já não me convém ficar aqui mais não

Levo comigo este amor desfeito
Solidão, despeito e cruel desgosto
No avião das nove partirei chorando
Por deixar quem amo nos braços de outro

Ao chorar lhe darei meu adeus
Porém juro por Deus que não quero piedade
Se o pranto de quem mais te quis
Te faz muito feliz, faça tua vontade

E ao ver, o avião subir
No espaço sumir
Não vai chorar também

Deixe que eu choro sozinho
A dor e os espinhos que a vida tem

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