Aguapé

Antonio Carlos Belchior, Castro Alves

Capineiro de meu pai
Não me cortes meus cabelos
Minha mãe me penteou
Minha madrasta me enterrou
Pelo figo da figueira
Que o passarim beliscou

Companheiro que passas pela estrada
Seguindo pelo rumo do sertão
Quando vires a cruz (a casa) abandonada
Deixa-a em paz dormir na solidão

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços (no seio) ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, (mariposas) que lá vão pousar

Esta casa não tem lá fora
A casa não tem lá dentro
Três cadeiras de madeira
Uma sala, a mesa ao centro

Rio aberto, barco solto
Pau-d'arco florindo à porta
Sob o qual, ainda há pouco
Eu enterrei a filha morta

Sob o qual, ainda há pouco
Eu enterrei a filha morta
Aqui os mortos são bons
Pois não atrapalham nada
Não comem o pão dos vivos
Nem ocupam lugar na estrada
Pois não comem o pão dos vivos
Nem ocupam lugar na estrada

Nada, nada
A velha sentada, o ruído da renda
A menina sentada roendo a merenda
A velha sentada, o ruído da renda
A menina sentada roendo a merenda

Nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Aqui não acontece nada, não
Nada
Nada, nada
Nada, absolutamente nada
E o aguapé, lá na lagoa
Sobre a água nada
E deixa a borda da canoa
Perfumada
É a chaminé à toa
De uma fábrica, montada
Sob a água, que fabrica
Este ar puro da alvorada-da-da-da

Nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Aqui não acontece nada, não

Nada, nada
Nada, absolutamente nada

Curiosidades sobre a música Aguapé de Belchior

Quando a música “Aguapé” foi lançada por Belchior?
A música Aguapé foi lançada em 1980, no álbum “Objeto direto”.
De quem é a composição da música “Aguapé” de Belchior?
A música “Aguapé” de Belchior foi composta por Antonio Carlos Belchior, Castro Alves.

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