Costura

Orlando Morais

[Letra de "Costura" com Antonia Morais]

Meu deuzinho vou pegar o meu cabelo costurar o mundo inteiro
Na renda do travesseiro onde eu costumo a sonhar
Costurar um pedacinho da Bahia
Na cintura do meu dia, na fivela do pensar

Toda a fome existente nesse mundo
Quero costurar no fundo pro sofrimento abrandar
Costurar o céu na Terra e a Terra no meu peito
Emendando do meu jeito, meu penar

Quero costurar as Europa no Nordeste
Lorde com Cabra da Peste e o Sol dentro do luar
Quero costurar a estrada no joelho
E a curva no cotovelo contornando meu cantar

Todo amor que eu costurar no coração
Vou dar nome d'uma nação pra melhor eu relembrar
Todo amor foi sentimento verdadeiro
Parece que foi ligeiro, parece que vai passar

Costurei o meu sofrer
Pro trovão não acordar
Mas a chuva quis chover
Meu sofrer vai desaguar
Cerca, ajuda, não corre não
Chama, prende, pisa no chão

Todo sonho costurado é um bordado
E o avesso é o outro lado, vê-se o mar, vê-se o sertão
Costurei o fim do mundo na doçura de um segundo
Falou alto o vagabundo coração

A poeira avermelhou a minha testa
Mas eu costurei depressa na panela de feijão
Essa água da bacia me interessa
Pra lavar a minha testa, pra molhar a minha mão

Costurei a asa branca de Gonzaga
Pra que ele sempre nos traga o lamento e o ribeirão
A alegria é uma coisa instantânea
Vejo as tardes de Goiânia, costurei a imensidão

Costurando, costurei com a minha costura
Costurei vida futura, sem costura não dá, não
Cada ponto, cada porto, cada jura costurei
A vida é dura num pedaço de sabão

Costurei o meu sofrer
Pro trovão não acordar
Mas a chuva quis chover
Meu sofrer vai desaguar
Cerca, ajuda, não corre não
Chama, prende, pisa no chão

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