Tio Manduca
Velho, melena de prata, de alpragata
Com camisa de amorim
Bombacha, lenço encarnado bem atado
Lembrando o velho fortim
Quem passasse em Nhu Porã, pela manhã
Bem antes do sol raiar
Uma prosa hospitaleira de fronteira
Convidava pra chegar
Paroquiano do povoado e delegado
Mandalete e escrivão
Uma alma generosa e muito prosa
Enaltecia meu chão
Um poeta pura flor e cantador
Pimba de franquemacia
Uma estirpe dos mais jovens para os pobres
Viventes da freguesia
Velho ainda prossegue
Nossos antigos rituais
Aguentando mil revezes, muitas vezes
Sem afloxá-los jamais
Velho Manduca de guerra que na terra
Que se tiveres assombros
Carregando a tal bandeira de fronteira
Sangrando por sobre os ombros