Taipeiro
Meio-dia já passado,
Tragando um sol de janeiro,
Banhado a suor o taipeiro
Rumbeia para a ranchada,
O couro velho curtido
Com algum talho mal feito,
Vai engolindo o varzedo
Numa constante mirada.
Majestade das lavouras,
Um taipeiro de mão-cheia,
Nem bem o dia clareia,
Sai mirar os arrozais.
Um calção velho surrado,
Feito de calça reiúna,
E um chapéu velho daqueles,
Que já não existe mais.
Ô negro bom, meus senhores,
Não desfazendo dos outros,
Um potro macho entre os potros,
Consciente da obrigação,
Sem domingo, nem feriado,
Nem dia santo, nem nada,
Seu prazer é ver a safra,
Empanturrando o galpão.
Taipeiro por excelência,
Na folga, por distração,
Se encarrega da aguação
E de alguma “cosita” mais.
Tem um carinho tão grande
Pela pá que leva ao ombro,
Sendo um verdadeiro assombro
No verde dos arrozais