Ponta de Lança
Da minha tropilha crioula
que mal chegou do banhado,
trazendo barro encruado
cardando pêlo e crina
Aparto o mouro tapado
pra sentar um cogotilho
e acomodar meu lombilho
pra lida que é minha sina.
Quando encilho pra um rodeio
minha rosilha prateada
uma corneta afiada
vai desenhando o pescoço
sento um de passarinho
pra depois correr um cacho
desses de mansar de baixo
só pela arte de moço.
Porisso que de a cavalo
num pingaço bem tosado
me sinto tão arranchado
na Querência tricolor
Porque me gusta demais
a contra-dança parelha
da franja lambendo orelha
de um gateado escarceador
Pelos vinte de setembro
numa zaina amilhada
que abanando a cola atada
e embalando o meio-toso
Faz sua reverência
firmando a marcha troteada
na avenida que é morada
pra o campo fazer seu poso
Que lindo um ponta de lança
de um pulso bem calibrado,
em matungo bem tosado
um defeito vira nada
Se o toso for beliscado
eu tenho uma lei sulina:
faço um de cola e crina
e devolvo pra invernada.