Entre o silêncio e a vertigem

Pedro Granger

Sim esta é a minha rua
a minha sala, o meu quarto, o meu colchão
em vez de janelas há estrelas
e o tapete o passeio, as pedras do chão
o candeeiro a luz da lua
o cobertor caixas forradas de papel
em vez de vontade o cansaço
em vez de um beijo, o vento rasga-me na pele


Talvez um dia possa ser
Tudo o que meu sonho quiser
e assim chegue ao pé de ti
Talvez um dia posso ser
Talvez um dia eu possa querer
acordar-me a mim


Sim esta é a minha vida
dois braços baixos aí estendidos no chão
entre o silêncio e a vertigem
sorriso gasto sem calor no coração
o sol não nasce apenas passa
o tempo cai sem nada desenhar no céu
arrasto pegadas na alma
olho pra traz e vejo não há nada meu...

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