Juntando Cacos
Seu moço, não vire esse rosto
Não faça-me o gosto
Não deixe o pescoço assim tão exposto
Não vamos dar murro em facão de ponta
Garoto, não finja de morto
Não livre este corpo
Não esquenta esse molho
Não pisque esse olho
Que meu coração não dá conta
Meu peito tem jeito de bamba
Tem corda e caçamba
Parece que manda
E por onde anda é curtido no samba
E forjado no aço
Mas quando ele entra na onda
Ele vira uma bomba
Com qualquer sanfona
Logo se emociona
A bomba detona
E eu viro um bagaço
Malandro, não seja atrevido
Tão perto do ouvido
Se desenvolvendo tão bem esse tema
Criando problema pra vida da gente
Assunto passado, esquecido
E mal resolvido
Quando é remexido
Cuidado, perigo
Perigos costumam ser muito atraentes
Meu sangue é de fazer fervura
Frita na gordura
Minha carne dura
Na temperatura, na cor
No tempero
Do Sol do nordeste
Meu beijo derrete na boca
Quando me ofereço
Mas não marque touca
Com qualquer tropeço
Pois se eu me aborreço
Sou a própria peste
Cresci juntando cacos
Estilhaços de abraços
Laços com amigos
E sorrisos de palhaços
Luzes na plateia
Se eu mudar de ideia
Posso me espalhar em novos braços
Aprendi, meu bem
Nessa vida tudo passa
Se não for fazer direito, meu amor
Não faça
O meu coração, nem te solicitou senha
Se não for pra vir inteiro, tentação
Não venha