Baião da Muda
Quem que se deixou amordaçar
E aí se foi sem reclamar
Sem dizer sim nem que não
Quem que avoou sem nenhum pio
Foi lá pras bandas de outro rio
Ave de arribação
Foi, emudeceu o meu olhar
Secou até a água do mar
Calcinou a plantação
Fez uma usina da ilusão
Incendiou meu coração
Quase virei sertão
Tem que se saber dançar
Pra poder aguentar
Esse rojão
O baião era de dois
Mas o que deus dispôs
Se mexe não
Se a alpercata esfolar
Bem no meu calcanhar
Não me faz mal
E nem precisa band aid
Que eu sempre curei
De água e sal
Chora meu acordeom
Foi, orunmilá ajuda
Oi, o meu baião da muda é
De desfazer nó
Dança que eu fico melhor
Faz, como se faz num samba
Mais, como se faz num ijexá
Quase um xirê só
Mora no meu forró
Quem que viu o chão enlamear
E escolheu não enxergar
Tornando lodo seu pão
Quem que apesar do arrepio
Fez moradias de vazio
Chão sem sustentação
Quem sentiu o pé não aguentar
E procurou se equilibrar
Numa alucinação
Quem que fez de lixo seu cajado
E desabou arrebentado
Em plena escuridão
Tem que se unir e juntar
Todo o povo de cá
Nessa aflição!
Todo baião que é de dois
Se transforma depois
Em multidão
E olorum vai mandar
Pela aranha do ar
Transformação
Ai, me ajude a firmar
O ifé terra e mar
Camaleão
Chora meu acordeom
Foi, orunmilá ajuda
Oi, o meu baião da muda é
De desfazer nó
Dança que eu fico melhor
Faz, como se faz num samba
Mais, como se faz num ijexá
Quase um xirê só
Mora no meu forró
Mora no meu forró