Carta De Amor

Maria Bethania Vianna Telles eloso, Paulo Cesar Francisco Pinheiro

Letra Significado Tradução

Não mexe comigo
Que eu não ando só
Eu não ando só
Que eu não ando só
Não mexe não
Não mexe comigo
Que eu não ando só
Eu não ando só
Que eu não ando só

Eu tenho Zumbi, Besouro
O chefe dos tupis, sou tupinambá
Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura
Morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curares, flechas e altares
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
O breu, o silêncio, a espera

Eu tenho Jesus, Maria e José
Todos os pajés em minha companhia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou

Não mexe comigo
Que eu não ando só
Que eu não ando só
Que eu não ando só
Não mexe não
Não mexe comigo
Que eu não ando só
Eu não ando só
Eu não ando só

Não misturo, não me dobro
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
Garante meu sangue e minha garganta
O veneno do mal não acha passagem
E em meu coração, Maria acende sua luz
E me aponta o caminho

Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
'To no Recôncavo, 'to em Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino
Rezo com as três Marias, vou além
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Durmo na forja de Ogum
Mergulho no calor da lava dos vulcões
Corpo vivo de Xangô

Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva
Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva

Medo não me alcança
No deserto me acho
Faço cobra morder o rabo
Escorpião virar pirilampo
Meus pés recebem bálsamos
Unguentos suaves das mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro
No oásis de Bethânia
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça

Eu não provo do teu fel
Eu não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Eu não provo do teu fel
Eu não piso no teu chão
Pra onde você for
Não leva o meu nome não
Não leva o meu nome não

Onde vai, valente?
Você secou
Seus olhos insones secaram
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
Longe da tua cegueira
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música
A qualquer som
Nem o bem, nem o mal
Pensam em ti
Ninguém te escolhe
Você pisa na terra, mas não a sente
Apenas pisa
Apenas vaga sobre o planeta
E já nem ouve as teclas do teu piano
Você está tão mirrado
Que nem o diabo te ambiciona
Não tem alma
Você é o oco, do oco, do oco
Do sem fim do mundo

O que é teu já 'tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar
O que é teu já 'tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu

Eu posso engolir você
Só pra cuspir depois
Minha fome é matéria que você não alcança
Desde o leite do peito de minha mãe
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Que brotam no poeta em toda poesia
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Se desejo
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Vivo de cara pra o vento na chuva
E quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito

Sou como a haste fina
Que qualquer brisa verga
Mas nenhuma espada corta

Não mexe comigo
Que eu não ando só
Que eu não ando só
Eu não ando só
Não mexe não
Não mexe comigo
Que eu não ando só
Eu não ando só
Eu não ando só

Não mexe comigo

A Força Ancestral e a Proteção Divina em Carta de Amor de Maria Bethânia

A canção 'Carta de Amor', interpretada pela icônica Maria Bethânia, é uma verdadeira viagem pela espiritualidade e cultura brasileira. A letra é um rico tecido de referências que mistura elementos das religiões afro-brasileiras, do catolicismo e da cultura indígena, criando uma narrativa de proteção, força e identidade. Bethânia, conhecida por sua voz marcante e interpretação intensa, dá vida a essas palavras com uma performance que é quase uma oração, um manifesto de fé e resistência.

A música começa invocando figuras históricas e míticas como Zumbi e Besouro, heróis da resistência negra, e segue com a menção a entidades espirituais de diversas matrizes, como os erês, caboclos e orixás. Essa mistura simboliza a riqueza e a complexidade da identidade cultural brasileira, que é formada pela confluência de diferentes tradições e crenças. A artista afirma não estar sozinha, pois carrega consigo toda essa herança cultural e espiritual que a protege e guia.

A letra também traz uma mensagem de empoderamento e autoconfiança. Ao declarar que não anda só e que o mal não encontra passagem em seu coração, Bethânia reforça a ideia de que está blindada pela fé e pelo amor dos santos e orixás que a acompanham. A música é um lembrete de que, mesmo nos momentos de solidão ou adversidade, existe uma força maior que nos acompanha e nos protege. 'Carta de Amor' é uma celebração dessa força e uma declaração de independência espiritual, que ressoa profundamente com ouvintes de diversas crenças e origens.

Não mexe comigo
Don't mess with me
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Não mexe não
Don't mess with me
Não mexe comigo
Don't mess with me
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Eu tenho Zumbi, Besouro
I have Zumbi, Besouro
O chefe dos tupis, sou tupinambá
The chief of the Tupis, I am Tupinambá
Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura
I have the erês, cowboy caboclo, healing hands
Morubichabas, cocares, arco-íris
Morubichabas, headdresses, rainbows
Zarabatanas, curares, flechas e altares
Blowguns, curares, arrows and altars
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
The speed of light, the darkness of the dark forest
O breu, o silêncio, a espera
The pitch black, the silence, the wait
Eu tenho Jesus, Maria e José
I have Jesus, Mary and Joseph
Todos os pajés em minha companhia
All the shamans in my company
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
The child God plays and sleeps in my dreams
O poeta me contou
The poet told me
Não mexe comigo
Don't mess with me
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Não mexe não
Don't mess with me
Não mexe comigo
Don't mess with me
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Não misturo, não me dobro
I don't mix, I don't bend
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
The queen of the sea walks hand in hand with me
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
She teaches me the dance of the waves and sings, sings, sings to me
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
It's from Oxum's gold that my armor is made
Garante meu sangue e minha garganta
It protects my blood and my throat
O veneno do mal não acha passagem
The poison of evil doesn't find a way
E em meu coração, Maria acende sua luz
And in my heart, Mary lights her light
E me aponta o caminho
And shows me the way
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
I disappear in the wind, I ride on Iansã's lightning
Giro o mundo, viro, reviro
I spin the world, I turn, I turn
'To no Recôncavo, 'to em Fez
I'm in Recôncavo, I'm in Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
I fly among the stars, I play to be one
Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino
I trace the Southern Cross with the torch of John the boy's bonfire
Rezo com as três Marias, vou além
I pray with the three Marys, I go beyond
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
I retreat in the splendor of the nebulae, I rest in the valleys, mountains
Durmo na forja de Ogum
I sleep in Ogum's forge
Mergulho no calor da lava dos vulcões
I dive into the heat of the lava of volcanoes
Corpo vivo de Xangô
Living body of Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva
I don't walk in the dark, nor do I walk in the shadows
Não ando no breu, nem ando na treva
I don't walk in the dark, nor do I walk in the shadows
É por onde eu vou que o santo me leva
It's where I go that the saint takes me
É por onde eu vou que o santo me leva
It's where I go that the saint takes me
Não ando no breu, nem ando na treva
I don't walk in the dark, nor do I walk in the shadows
Não ando no breu, nem ando na treva
I don't walk in the dark, nor do I walk in the shadows
É por onde eu vou que o santo me leva
It's where I go that the saint takes me
É por onde eu vou que o santo me leva
It's where I go that the saint takes me
Medo não me alcança
Fear doesn't reach me
No deserto me acho
In the desert I find myself
Faço cobra morder o rabo
I make the snake bite its tail
Escorpião virar pirilampo
Scorpion turn into a firefly
Meus pés recebem bálsamos
My feet receive balms
Unguentos suaves das mãos de Maria
Soft ointments from the hands of Mary
Irmã de Marta e Lázaro
Sister of Martha and Lazarus
No oásis de Bethânia
In the oasis of Bethânia
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo
Thought I walk alone? Pay attention to time
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
It doesn't start, it doesn't end, it's never, it's always
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
It's time to notice the noble copper balance that the king balances
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
It strikes down the unjust, leaves justice naked
Eu não provo do teu fel
I don't taste your bitterness
Eu não piso no teu chão
I don't step on your ground
E pra onde você for, não leva o meu nome não
And wherever you go, don't take my name
E pra onde você for, não leva o meu nome não
And wherever you go, don't take my name
Eu não provo do teu fel
I don't taste your bitterness
Eu não piso no teu chão
I don't step on your ground
Pra onde você for
Wherever you go
Não leva o meu nome não
Don't take my name
Não leva o meu nome não
Don't take my name
Onde vai, valente?
Where are you going, brave one?
Você secou
You dried up
Seus olhos insones secaram
Your sleepless eyes dried up
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
They don't see the grass growing free and green
Longe da tua cegueira
Far from your blindness
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música
Your ears are closed to any music
A qualquer som
To any sound
Nem o bem, nem o mal
Neither good nor evil
Pensam em ti
Think of you
Ninguém te escolhe
No one chooses you
Você pisa na terra, mas não a sente
You step on the earth, but you don't feel it
Apenas pisa
You just step
Apenas vaga sobre o planeta
You just wander over the planet
E já nem ouve as teclas do teu piano
And you no longer hear the keys of your piano
Você está tão mirrado
You are so shriveled
Que nem o diabo te ambiciona
That not even the devil wants you
Não tem alma
You have no soul
Você é o oco, do oco, do oco
You are the hollow, of the hollow, of the hollow
Do sem fim do mundo
Of the endless world
O que é teu já 'tá guardado
What's yours is already saved
Não sou eu que vou lhe dar
It's not me who's going to give it to you
Não sou eu que vou lhe dar
It's not me who's going to give it to you
Não sou eu que vou lhe dar
It's not me who's going to give it to you
O que é teu já 'tá guardado
What's yours is already saved
Não sou eu que vou lhe dar
It's not me who's going to give it to you
Não sou eu que vou lhe dar
It's not me who's going to give it to you
Não sou eu
It's not me
Eu posso engolir você
I can swallow you
Só pra cuspir depois
Just to spit you out later
Minha fome é matéria que você não alcança
My hunger is a matter that you can't reach
Desde o leite do peito de minha mãe
From the milk of my mother's breast
Até o sem fim dos versos, versos, versos
To the endless verses, verses, verses
Que brotam no poeta em toda poesia
That sprout in the poet in every poetry
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Under the light of the moon that lies in the palm of Caymmi's inspiration
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
If I cry, when I cry, and my tear falls
É pra regar o capim que alimenta a vida
It's to water the grass that feeds life
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Crying I remake the springs that you dried up
Se desejo
If I desire
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
My desire raises tides of salt and sorcery
Vivo de cara pra o vento na chuva
I live facing the wind in the rain
E quero me molhar
And I want to get wet
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
The rosary of Fatima and the cord of Gandhi cross my chest
Sou como a haste fina
I'm like the thin stem
Que qualquer brisa verga
That any breeze bends
Mas nenhuma espada corta
But no sword cuts
Não mexe comigo
Don't mess with me
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Não mexe não
Don't mess with me
Não mexe comigo
Don't mess with me
Que eu não ando só
Because I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Eu não ando só
I'm not alone
Não mexe comigo
Don't mess with me
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Não mexe não
No te metas, no
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Eu tenho Zumbi, Besouro
Tengo a Zumbi, Besouro
O chefe dos tupis, sou tupinambá
El jefe de los tupis, soy tupinambá
Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura
Tengo a los erês, caboclo boiadeiro, manos de cura
Morubichabas, cocares, arco-íris
Morubichabas, cocares, arco iris
Zarabatanas, curares, flechas e altares
Zarabatanas, curares, flechas y altares
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
La velocidad de la luz, la oscuridad de la selva oscura
O breu, o silêncio, a espera
La oscuridad, el silencio, la espera
Eu tenho Jesus, Maria e José
Tengo a Jesús, María y José
Todos os pajés em minha companhia
Todos los chamanes en mi compañía
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
El niño Dios juega y duerme en mis sueños
O poeta me contou
El poeta me lo contó
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Não mexe não
No te metas, no
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Não misturo, não me dobro
No me mezclo, no me doblo
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
La reina del mar camina de la mano conmigo
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
Me enseña el baile de las olas y canta, canta, canta para mí
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
Es del oro de Oxum que se hace la armadura que guarda mi cuerpo
Garante meu sangue e minha garganta
Asegura mi sangre y mi garganta
O veneno do mal não acha passagem
El veneno del mal no encuentra paso
E em meu coração, Maria acende sua luz
Y en mi corazón, María enciende su luz
E me aponta o caminho
Y me señala el camino
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Me pierdo en el viento, cabalgo en el rayo de Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Giro el mundo, vuelvo, revuelvo
'To no Recôncavo, 'to em Fez
Estoy en el Recôncavo, estoy en Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Vuelo entre las estrellas, juego a ser una
Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino
Trazo la Cruz del Sur con la antorcha de la hoguera de João menino
Rezo com as três Marias, vou além
Rezo con las tres Marías, voy más allá
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Me recojo en el esplendor de las nebulosas, descanso en los valles, montañas
Durmo na forja de Ogum
Duermo en la forja de Ogum
Mergulho no calor da lava dos vulcões
Me sumerjo en el calor de la lava de los volcanes
Corpo vivo de Xangô
Cuerpo vivo de Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva
No ando en la oscuridad, ni ando en la tiniebla
Não ando no breu, nem ando na treva
No ando en la oscuridad, ni ando en la tiniebla
É por onde eu vou que o santo me leva
Es por donde voy que el santo me lleva
É por onde eu vou que o santo me leva
Es por donde voy que el santo me lleva
Não ando no breu, nem ando na treva
No ando en la oscuridad, ni ando en la tiniebla
Não ando no breu, nem ando na treva
No ando en la oscuridad, ni ando en la tiniebla
É por onde eu vou que o santo me leva
Es por donde voy que el santo me lleva
É por onde eu vou que o santo me leva
Es por donde voy que el santo me lleva
Medo não me alcança
El miedo no me alcanza
No deserto me acho
En el desierto me encuentro
Faço cobra morder o rabo
Hago que la serpiente se muerda la cola
Escorpião virar pirilampo
Escorpión se convierte en luciérnaga
Meus pés recebem bálsamos
Mis pies reciben bálsamos
Unguentos suaves das mãos de Maria
Ungüentos suaves de las manos de María
Irmã de Marta e Lázaro
Hermana de Marta y Lázaro
No oásis de Bethânia
En el oasis de Bethânia
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo
¿Pensaste que ando solo? Atento al tiempo
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
No comienza, ni termina, es nunca, es siempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
Es tiempo de reparar en la balanza de noble cobre que el rey equilibra
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Fulmina al injusto, deja desnuda a la justicia
Eu não provo do teu fel
No pruebo de tu hiel
Eu não piso no teu chão
No piso en tu suelo
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Y a donde vayas, no llevas mi nombre
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Y a donde vayas, no llevas mi nombre
Eu não provo do teu fel
No pruebo de tu hiel
Eu não piso no teu chão
No piso en tu suelo
Pra onde você for
A donde vayas
Não leva o meu nome não
No llevas mi nombre
Não leva o meu nome não
No llevas mi nombre
Onde vai, valente?
¿A dónde vas, valiente?
Você secou
Te has secado
Seus olhos insones secaram
Tus ojos insomnes se han secado
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
No ven brotar la hierba que crece libre y verde
Longe da tua cegueira
Lejos de tu ceguera
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música
Tus oídos se han cerrado a cualquier música
A qualquer som
A cualquier sonido
Nem o bem, nem o mal
Ni el bien, ni el mal
Pensam em ti
Piensan en ti
Ninguém te escolhe
Nadie te elige
Você pisa na terra, mas não a sente
Pisas la tierra, pero no la sientes
Apenas pisa
Solo pisas
Apenas vaga sobre o planeta
Solo vagas sobre el planeta
E já nem ouve as teclas do teu piano
Y ya ni oyes las teclas de tu piano
Você está tão mirrado
Estás tan marchito
Que nem o diabo te ambiciona
Que ni el diablo te ambiciona
Não tem alma
No tienes alma
Você é o oco, do oco, do oco
Eres el vacío, del vacío, del vacío
Do sem fim do mundo
Del fin del mundo
O que é teu já 'tá guardado
Lo que es tuyo ya está guardado
Não sou eu que vou lhe dar
No soy yo quien te lo va a dar
Não sou eu que vou lhe dar
No soy yo quien te lo va a dar
Não sou eu que vou lhe dar
No soy yo quien te lo va a dar
O que é teu já 'tá guardado
Lo que es tuyo ya está guardado
Não sou eu que vou lhe dar
No soy yo quien te lo va a dar
Não sou eu que vou lhe dar
No soy yo quien te lo va a dar
Não sou eu
No soy yo
Eu posso engolir você
Puedo tragarte
Só pra cuspir depois
Solo para escupirte después
Minha fome é matéria que você não alcança
Mi hambre es materia que tú no alcanzas
Desde o leite do peito de minha mãe
Desde la leche del pecho de mi madre
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Hasta el sin fin de los versos, versos, versos
Que brotam no poeta em toda poesia
Que brotan en el poeta en toda poesía
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Bajo la luz de la luna que se acuesta en la palma de la inspiración de Caymmi
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
Si lloro, cuando lloro, y mi lágrima cae
É pra regar o capim que alimenta a vida
Es para regar el pasto que alimenta la vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Llorando yo rehago las fuentes que tú secaste
Se desejo
Si deseo
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Mi deseo hace subir mareas de sal y sortilegio
Vivo de cara pra o vento na chuva
Vivo de cara al viento en la lluvia
E quero me molhar
Y quiero mojarme
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
El rosario de Fátima y el cordón de Gandhi cruzan mi pecho
Sou como a haste fina
Soy como el tallo fino
Que qualquer brisa verga
Que cualquier brisa dobla
Mas nenhuma espada corta
Pero ninguna espada corta
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Não mexe não
No te metas, no
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Que eu não ando só
Que no ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Eu não ando só
No ando solo
Não mexe comigo
No te metas conmigo
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Não mexe não
Ne dérange pas
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu tenho Zumbi, Besouro
J'ai Zumbi, Besouro
O chefe dos tupis, sou tupinambá
Le chef des Tupis, je suis Tupinambá
Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura
J'ai les erês, caboclo boiadeiro, mains de guérison
Morubichabas, cocares, arco-íris
Morubichabas, cocares, arc-en-ciel
Zarabatanas, curares, flechas e altares
Zarabatanas, curares, flèches et autels
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
La vitesse de la lumière, l'obscurité de la forêt sombre
O breu, o silêncio, a espera
Le noir, le silence, l'attente
Eu tenho Jesus, Maria e José
J'ai Jésus, Marie et Joseph
Todos os pajés em minha companhia
Tous les chamans en ma compagnie
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
Le petit Dieu joue et dort dans mes rêves
O poeta me contou
Le poète me l'a dit
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Não mexe não
Ne dérange pas
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Não misturo, não me dobro
Je ne mélange pas, je ne me plie pas
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
La reine de la mer marche main dans la main avec moi
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
Elle m'apprend la danse des vagues et chante, chante, chante pour moi
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
C'est de l'or d'Oxum que est faite l'armure qui protège mon corps
Garante meu sangue e minha garganta
Protège mon sang et ma gorge
O veneno do mal não acha passagem
Le poison du mal ne trouve pas de passage
E em meu coração, Maria acende sua luz
Et dans mon cœur, Marie allume sa lumière
E me aponta o caminho
Et me montre le chemin
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Je disparais dans le vent, je chevauche l'éclair d'Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Je tourne le monde, je tourne, je retourne
'To no Recôncavo, 'to em Fez
Je suis dans le Recôncavo, je suis à Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Je vole entre les étoiles, je joue à en être une
Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino
Je trace la Croix du Sud avec la torche du feu de João menino
Rezo com as três Marias, vou além
Je prie avec les trois Maries, je vais plus loin
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Je me retire dans la splendeur des nébuleuses, je me repose dans les vallées, les montagnes
Durmo na forja de Ogum
Je dors dans la forge d'Ogum
Mergulho no calor da lava dos vulcões
Je plonge dans la chaleur de la lave des volcans
Corpo vivo de Xangô
Corps vivant de Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva
Je ne marche pas dans l'obscurité, ni dans les ténèbres
Não ando no breu, nem ando na treva
Je ne marche pas dans l'obscurité, ni dans les ténèbres
É por onde eu vou que o santo me leva
C'est là où je vais que le saint me mène
É por onde eu vou que o santo me leva
C'est là où je vais que le saint me mène
Não ando no breu, nem ando na treva
Je ne marche pas dans l'obscurité, ni dans les ténèbres
Não ando no breu, nem ando na treva
Je ne marche pas dans l'obscurité, ni dans les ténèbres
É por onde eu vou que o santo me leva
C'est là où je vais que le saint me mène
É por onde eu vou que o santo me leva
C'est là où je vais que le saint me mène
Medo não me alcança
La peur ne m'atteint pas
No deserto me acho
Dans le désert je me trouve
Faço cobra morder o rabo
Je fais mordre la queue au serpent
Escorpião virar pirilampo
Le scorpion devient luciole
Meus pés recebem bálsamos
Mes pieds reçoivent des baumes
Unguentos suaves das mãos de Maria
Des onguents doux des mains de Marie
Irmã de Marta e Lázaro
Sœur de Marthe et Lazare
No oásis de Bethânia
Dans l'oasis de Bethânia
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo
Tu pensais que je marchais seul ? Fais attention au temps
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
Il ne commence pas, il ne finit pas, c'est jamais, c'est toujours
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
C'est le temps de regarder la balance de noble cuivre que le roi équilibre
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Il foudroie l'injuste, laisse nue la justice
Eu não provo do teu fel
Je ne goûte pas à ton fiel
Eu não piso no teu chão
Je ne marche pas sur ton sol
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Et où que tu ailles, tu n'emportes pas mon nom
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Et où que tu ailles, tu n'emportes pas mon nom
Eu não provo do teu fel
Je ne goûte pas à ton fiel
Eu não piso no teu chão
Je ne marche pas sur ton sol
Pra onde você for
Où que tu ailles
Não leva o meu nome não
Tu n'emportes pas mon nom
Não leva o meu nome não
Tu n'emportes pas mon nom
Onde vai, valente?
Où vas-tu, brave ?
Você secou
Tu as séché
Seus olhos insones secaram
Tes yeux sans sommeil ont séché
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
Ils ne voient pas pousser l'herbe qui grandit libre et verte
Longe da tua cegueira
Loin de ta cécité
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música
Tes oreilles se sont fermées à toute musique
A qualquer som
A tout son
Nem o bem, nem o mal
Ni le bien, ni le mal
Pensam em ti
Ne pensent à toi
Ninguém te escolhe
Personne ne te choisit
Você pisa na terra, mas não a sente
Tu marches sur la terre, mais tu ne la sens pas
Apenas pisa
Tu marches juste
Apenas vaga sobre o planeta
Tu erres juste sur la planète
E já nem ouve as teclas do teu piano
Et tu n'entends même plus les touches de ton piano
Você está tão mirrado
Tu es si maigre
Que nem o diabo te ambiciona
Que même le diable ne te convoite pas
Não tem alma
Tu n'as pas d'âme
Você é o oco, do oco, do oco
Tu es le vide, du vide, du vide
Do sem fim do mundo
De la fin du monde
O que é teu já 'tá guardado
Ce qui est à toi est déjà gardé
Não sou eu que vou lhe dar
Ce n'est pas moi qui vais te le donner
Não sou eu que vou lhe dar
Ce n'est pas moi qui vais te le donner
Não sou eu que vou lhe dar
Ce n'est pas moi qui vais te le donner
O que é teu já 'tá guardado
Ce qui est à toi est déjà gardé
Não sou eu que vou lhe dar
Ce n'est pas moi qui vais te le donner
Não sou eu que vou lhe dar
Ce n'est pas moi qui vais te le donner
Não sou eu
Ce n'est pas moi
Eu posso engolir você
Je peux t'avaler
Só pra cuspir depois
Juste pour te cracher après
Minha fome é matéria que você não alcança
Ma faim est une matière que tu n'atteins pas
Desde o leite do peito de minha mãe
Depuis le lait du sein de ma mère
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Jusqu'à l'infini des vers, vers, vers
Que brotam no poeta em toda poesia
Qui jaillissent dans le poète dans toute poésie
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Sous la lumière de la lune qui se couche dans la paume de l'inspiration de Caymmi
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
Si je pleure, quand je pleure, et ma larme tombe
É pra regar o capim que alimenta a vida
C'est pour arroser l'herbe qui nourrit la vie
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
En pleurant, je refais les sources que tu as asséchées
Se desejo
Si je désire
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Mon désir fait monter les marées de sel et de sortilège
Vivo de cara pra o vento na chuva
Je vis face au vent sous la pluie
E quero me molhar
Et je veux me mouiller
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Le chapelet de Fatima et le cordon de Gandhi croisent ma poitrine
Sou como a haste fina
Je suis comme la tige fine
Que qualquer brisa verga
Que n'importe quelle brise courbe
Mas nenhuma espada corta
Mais aucune épée ne coupe
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Não mexe não
Ne dérange pas
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Que eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Eu não ando só
Je ne marche pas seul
Não mexe comigo
Ne me dérange pas
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Não mexe não
Fass mich nicht an
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Eu tenho Zumbi, Besouro
Ich habe Zumbi, Besouro
O chefe dos tupis, sou tupinambá
Den Chef der Tupis, ich bin Tupinambá
Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura
Ich habe die Erês, Caboclo Boiadeiro, heilende Hände
Morubichabas, cocares, arco-íris
Morubichabas, Kopfschmuck, Regenbogen
Zarabatanas, curares, flechas e altares
Blasrohre, Curares, Pfeile und Altäre
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
Die Geschwindigkeit des Lichts, die Dunkelheit des dunklen Waldes
O breu, o silêncio, a espera
Die Finsternis, die Stille, das Warten
Eu tenho Jesus, Maria e José
Ich habe Jesus, Maria und Josef
Todos os pajés em minha companhia
Alle Schamanen in meiner Gesellschaft
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
Das Kind Gottes spielt und schläft in meinen Träumen
O poeta me contou
Der Dichter hat es mir erzählt
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Não mexe não
Fass mich nicht an
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Não misturo, não me dobro
Ich mische nicht, ich beuge mich nicht
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
Die Königin des Meeres geht Hand in Hand mit mir
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
Sie lehrt mich den Tanz der Wellen und singt, singt, singt für mich
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
Aus dem Gold von Oxum ist die Rüstung gemacht, die meinen Körper schützt
Garante meu sangue e minha garganta
Sichert mein Blut und meinen Hals
O veneno do mal não acha passagem
Das Gift des Bösen findet keinen Weg
E em meu coração, Maria acende sua luz
Und in meinem Herzen zündet Maria ihr Licht an
E me aponta o caminho
Und zeigt mir den Weg
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Ich verschwinde im Wind, reite auf dem Blitz von Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Ich drehe die Welt, ich drehe sie um und um
'To no Recôncavo, 'to em Fez
Ich bin im Recôncavo, ich bin in Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Ich fliege zwischen den Sternen, spiele eine
Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino
Ich zeichne das Kreuz des Südens mit der Fackel des Feuers von Johannes dem Jungen
Rezo com as três Marias, vou além
Ich bete mit den drei Marias, ich gehe weiter
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Ich ziehe mich in den Glanz der Nebel zurück, ruhe in den Tälern, Bergen
Durmo na forja de Ogum
Ich schlafe in der Schmiede von Ogum
Mergulho no calor da lava dos vulcões
Ich tauche in die Hitze der Lava der Vulkane ein
Corpo vivo de Xangô
Lebendiger Körper von Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva
Ich gehe nicht im Dunkeln, noch gehe ich in der Dunkelheit
Não ando no breu, nem ando na treva
Ich gehe nicht im Dunkeln, noch gehe ich in der Dunkelheit
É por onde eu vou que o santo me leva
Es ist, wohin ich gehe, dass der Heilige mich führt
É por onde eu vou que o santo me leva
Es ist, wohin ich gehe, dass der Heilige mich führt
Não ando no breu, nem ando na treva
Ich gehe nicht im Dunkeln, noch gehe ich in der Dunkelheit
Não ando no breu, nem ando na treva
Ich gehe nicht im Dunkeln, noch gehe ich in der Dunkelheit
É por onde eu vou que o santo me leva
Es ist, wohin ich gehe, dass der Heilige mich führt
É por onde eu vou que o santo me leva
Es ist, wohin ich gehe, dass der Heilige mich führt
Medo não me alcança
Angst erreicht mich nicht
No deserto me acho
In der Wüste finde ich mich
Faço cobra morder o rabo
Ich lasse die Schlange ihren Schwanz beißen
Escorpião virar pirilampo
Skorpion wird zu Glühwürmchen
Meus pés recebem bálsamos
Meine Füße erhalten Balsame
Unguentos suaves das mãos de Maria
Sanfte Salben aus den Händen von Maria
Irmã de Marta e Lázaro
Schwester von Martha und Lazarus
No oásis de Bethânia
In der Oase von Bethanien
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo
Dachtest du, ich gehe alleine? Achte auf die Zeit
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
Es beginnt nicht, es endet nicht, es ist nie, es ist immer
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
Es ist Zeit, auf die Waage aus edlem Kupfer zu achten, die der König ausbalanciert
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Er vernichtet den Ungerechten, lässt die Gerechtigkeit nackt
Eu não provo do teu fel
Ich koste nicht von deinem Galle
Eu não piso no teu chão
Ich trete nicht auf deinen Boden
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Und wohin du auch gehst, nimm meinen Namen nicht mit
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Und wohin du auch gehst, nimm meinen Namen nicht mit
Eu não provo do teu fel
Ich koste nicht von deinem Galle
Eu não piso no teu chão
Ich trete nicht auf deinen Boden
Pra onde você for
Wohin du auch gehst
Não leva o meu nome não
Nimm meinen Namen nicht mit
Não leva o meu nome não
Nimm meinen Namen nicht mit
Onde vai, valente?
Wo gehst du hin, Tapferer?
Você secou
Du bist ausgetrocknet
Seus olhos insones secaram
Deine schlaflosen Augen sind ausgetrocknet
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
Sie sehen das Gras nicht sprießen, das frei und grün wächst
Longe da tua cegueira
Weit weg von deiner Blindheit
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música
Deine Ohren haben sich jeder Musik verschlossen
A qualquer som
Jedem Klang
Nem o bem, nem o mal
Weder das Gute noch das Böse
Pensam em ti
Denken an dich
Ninguém te escolhe
Niemand wählt dich
Você pisa na terra, mas não a sente
Du trittst auf die Erde, aber du fühlst sie nicht
Apenas pisa
Du trittst nur darauf
Apenas vaga sobre o planeta
Du wanderst nur über den Planeten
E já nem ouve as teclas do teu piano
Und hörst schon nicht mehr die Tasten deines Klaviers
Você está tão mirrado
Du bist so mager
Que nem o diabo te ambiciona
Dass nicht einmal der Teufel dich begehrt
Não tem alma
Du hast keine Seele
Você é o oco, do oco, do oco
Du bist die Leere, die Leere, die Leere
Do sem fim do mundo
Am Ende der Welt
O que é teu já 'tá guardado
Was dir gehört, ist schon gesichert
Não sou eu que vou lhe dar
Ich bin es nicht, der es dir gibt
Não sou eu que vou lhe dar
Ich bin es nicht, der es dir gibt
Não sou eu que vou lhe dar
Ich bin es nicht, der es dir gibt
O que é teu já 'tá guardado
Was dir gehört, ist schon gesichert
Não sou eu que vou lhe dar
Ich bin es nicht, der es dir gibt
Não sou eu que vou lhe dar
Ich bin es nicht, der es dir gibt
Não sou eu
Ich bin es nicht
Eu posso engolir você
Ich kann dich verschlingen
Só pra cuspir depois
Nur um dich danach auszuspucken
Minha fome é matéria que você não alcança
Mein Hunger ist Materie, die du nicht erreichst
Desde o leite do peito de minha mãe
Von der Milch aus der Brust meiner Mutter
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Bis zum Ende der Verse, Verse, Verse
Que brotam no poeta em toda poesia
Die im Dichter in jeder Poesie sprießen
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Unter dem Licht des Mondes, das in der Handfläche der Inspiration von Caymmi liegt
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
Wenn ich weine, wenn ich weine, und meine Träne fällt
É pra regar o capim que alimenta a vida
Ist es, um das Gras zu bewässern, das das Leben nährt
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Weinend stelle ich die Quellen wieder her, die du ausgetrocknet hast
Se desejo
Wenn ich begehre
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Mein Begehren lässt Gezeiten aus Salz und Zauber steigen
Vivo de cara pra o vento na chuva
Ich lebe dem Wind zugewandt im Regen
E quero me molhar
Und ich will nass werden
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Der Rosenkranz von Fatima und die Kette von Gandhi kreuzen meine Brust
Sou como a haste fina
Ich bin wie der dünne Stiel
Que qualquer brisa verga
Den jeder Wind biegt
Mas nenhuma espada corta
Aber kein Schwert schneidet
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Não mexe não
Fass mich nicht an
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Que eu não ando só
Denn ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Eu não ando só
Ich gehe nicht allein
Não mexe comigo
Fass mich nicht an
Não mexe comigo
Non toccarmi
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Não mexe não
Non toccare no
Não mexe comigo
Non toccarmi
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Eu tenho Zumbi, Besouro
Ho Zumbi, Besouro
O chefe dos tupis, sou tupinambá
Il capo dei Tupi, sono un Tupinambá
Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura
Ho gli erês, il caboclo boiadeiro, mani di cura
Morubichabas, cocares, arco-íris
Morubichabas, cocares, arcobaleni
Zarabatanas, curares, flechas e altares
Zarabatanas, curares, frecce e altari
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
La velocità della luce, l'oscurità della foresta oscura
O breu, o silêncio, a espera
Il buio, il silenzio, l'attesa
Eu tenho Jesus, Maria e José
Ho Gesù, Maria e Giuseppe
Todos os pajés em minha companhia
Tutti i sciamani in mia compagnia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
Il bambino Dio gioca e dorme nei miei sogni
O poeta me contou
Il poeta mi ha raccontato
Não mexe comigo
Non toccarmi
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Não mexe não
Non toccare no
Não mexe comigo
Non toccarmi
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Não misturo, não me dobro
Non mi mescolo, non mi piego
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
La regina del mare cammina mano nella mano con me
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
Mi insegna la danza delle onde e canta, canta, canta per me
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
È con l'oro di Oxum che è fatta l'armatura che protegge il mio corpo
Garante meu sangue e minha garganta
Garantisce il mio sangue e la mia gola
O veneno do mal não acha passagem
Il veleno del male non trova passaggio
E em meu coração, Maria acende sua luz
E nel mio cuore, Maria accende la sua luce
E me aponta o caminho
E mi indica la strada
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Mi perdo nel vento, cavalco il raggio di Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Giro il mondo, mi giro, mi rigiro
'To no Recôncavo, 'to em Fez
Sono nel Recôncavo, sono a Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Volo tra le stelle, gioco a essere una
Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino
Traccio la Croce del Sud con la torcia del fuoco di João menino
Rezo com as três Marias, vou além
Prego con le tre Marie, vado oltre
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Mi ritiro nello splendore delle nebulose, riposo nelle valli, montagne
Durmo na forja de Ogum
Dormo nella fucina di Ogum
Mergulho no calor da lava dos vulcões
Mi immergo nel calore della lava dei vulcani
Corpo vivo de Xangô
Corpo vivo di Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva
Non cammino nel buio, né cammino nelle tenebre
Não ando no breu, nem ando na treva
Non cammino nel buio, né cammino nelle tenebre
É por onde eu vou que o santo me leva
È dove vado che il santo mi porta
É por onde eu vou que o santo me leva
È dove vado che il santo mi porta
Não ando no breu, nem ando na treva
Non cammino nel buio, né cammino nelle tenebre
Não ando no breu, nem ando na treva
Non cammino nel buio, né cammino nelle tenebre
É por onde eu vou que o santo me leva
È dove vado che il santo mi porta
É por onde eu vou que o santo me leva
È dove vado che il santo mi porta
Medo não me alcança
La paura non mi raggiunge
No deserto me acho
Nel deserto mi trovo
Faço cobra morder o rabo
Faccio mordere la coda al serpente
Escorpião virar pirilampo
Lo scorpione diventa lucciola
Meus pés recebem bálsamos
I miei piedi ricevono balsami
Unguentos suaves das mãos de Maria
Unguenti dolci dalle mani di Maria
Irmã de Marta e Lázaro
Sorella di Marta e Lazzaro
No oásis de Bethânia
Nell'oasi di Bethânia
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo
Pensavi che camminassi da solo? Fai attenzione al tempo
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
Non inizia, non finisce, è mai, è sempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
È tempo di guardare alla bilancia di nobile rame che il re bilancia
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Fulmina l'ingiusto, lascia nuda la giustizia
Eu não provo do teu fel
Non provo il tuo veleno
Eu não piso no teu chão
Non calpesto il tuo terreno
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E dove vai, non portare il mio nome
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E dove vai, non portare il mio nome
Eu não provo do teu fel
Non provo il tuo veleno
Eu não piso no teu chão
Non calpesto il tuo terreno
Pra onde você for
Dove vai
Não leva o meu nome não
Non portare il mio nome
Não leva o meu nome não
Non portare il mio nome
Onde vai, valente?
Dove vai, coraggioso?
Você secou
Sei seccato
Seus olhos insones secaram
I tuoi occhi insonni si sono seccati
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
Non vedono germogliare l'erba che cresce libera e verde
Longe da tua cegueira
Lontano dalla tua cecità
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música
Le tue orecchie si sono chiuse a qualsiasi musica
A qualquer som
A qualsiasi suono
Nem o bem, nem o mal
Né il bene, né il male
Pensam em ti
Pensano a te
Ninguém te escolhe
Nessuno ti sceglie
Você pisa na terra, mas não a sente
Calpesti la terra, ma non la senti
Apenas pisa
Calpesti solo
Apenas vaga sobre o planeta
Vaghi solo sul pianeta
E já nem ouve as teclas do teu piano
E non senti più i tasti del tuo pianoforte
Você está tão mirrado
Sei così magro
Que nem o diabo te ambiciona
Che nemmeno il diavolo ti ambisce
Não tem alma
Non hai anima
Você é o oco, do oco, do oco
Sei il vuoto, del vuoto, del vuoto
Do sem fim do mundo
Dell'infinito del mondo
O que é teu já 'tá guardado
Quello che è tuo è già custodito
Não sou eu que vou lhe dar
Non sono io che te lo darò
Não sou eu que vou lhe dar
Non sono io che te lo darò
Não sou eu que vou lhe dar
Non sono io che te lo darò
O que é teu já 'tá guardado
Quello che è tuo è già custodito
Não sou eu que vou lhe dar
Non sono io che te lo darò
Não sou eu que vou lhe dar
Non sono io che te lo darò
Não sou eu
Non sono io
Eu posso engolir você
Posso ingoiarti
Só pra cuspir depois
Solo per sputarti dopo
Minha fome é matéria que você não alcança
La mia fame è materia che non raggiungi
Desde o leite do peito de minha mãe
Dal latte del seno di mia madre
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Fino all'infinito dei versi, versi, versi
Que brotam no poeta em toda poesia
Che sbocciano nel poeta in ogni poesia
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Sotto la luce della luna che giace nel palmo dell'ispirazione di Caymmi
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
Se piango, quando piango, e la mia lacrima cade
É pra regar o capim que alimenta a vida
È per irrigare l'erba che alimenta la vita
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Piangendo rifaccio le sorgenti che hai prosciugato
Se desejo
Se desidero
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Il mio desiderio fa salire maree di sale e sortilegio
Vivo de cara pra o vento na chuva
Vivo di fronte al vento nella pioggia
E quero me molhar
E voglio bagnarmi
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Il rosario di Fatima e il cordone di Gandhi attraversano il mio petto
Sou como a haste fina
Sono come il gambo sottile
Que qualquer brisa verga
Che qualsiasi brezza piega
Mas nenhuma espada corta
Ma nessuna spada taglia
Não mexe comigo
Non toccarmi
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Não mexe não
Non toccare no
Não mexe comigo
Non toccarmi
Que eu não ando só
Che non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Eu não ando só
Non cammino da solo
Não mexe comigo
Non toccarmi

Curiosidades sobre a música Carta De Amor de Maria Bethânia

Quando a música “Carta De Amor” foi lançada por Maria Bethânia?
A música Carta De Amor foi lançada em 2012, no álbum “Oásis de Bethânia”.
De quem é a composição da música “Carta De Amor” de Maria Bethânia?
A música “Carta De Amor” de Maria Bethânia foi composta por Maria Bethania Vianna Telles eloso, Paulo Cesar Francisco Pinheiro.

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