Lavadeiras
Na singeleza do ritual da lida
Ela matiza ao Sol dias inteiros
E o rio que faz possível o seu labor
Recebe em oferenda roupa e cor
Nas pedras do porto dos aguateiros
Na mão sofrida da mulher morena
O suor da trouxa enorme ganha o rio
E é ele que de noite, feito pão
Vem para a mesa pela mesma mão
Que acende a lamparina de pavio
Sonhando um mundo melhor
Vai ela estendendo vida
Nestes poemas de cor
Com a cor da roupa estendida
De madrugada, quase por silêncios
O rio faz serenatas nas cachoeiras
E os cantos que ele tem não são das águas
São dos ranchos costeiros, são das mágoas
Que embalam o lavar das lavadeiras