Monte Castelo
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
Monte Castelo: Uma Ode ao Amor Universal pela Legião Urbana
A música Monte Castelo da banda Legião Urbana é uma das mais emblemáticas do rock brasileiro, marcada pela profundidade lírica e pela emoção que transmite. A canção, presente no álbum 'As Quatro Estações', lançado em 1989, é uma composição de Renato Russo, vocalista e líder da banda, que se inspirou em dois textos clássicos: o soneto 'Amor é fogo que arde sem se ver', de Luís de Camões, e o famoso 'Hino ao Amor' (Capítulo 13 da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios), ambos abordando a temática do amor de maneira sublime e complexa.
A letra de Monte Castelo reflete sobre a essência e a importância do amor, colocando-o como um sentimento que transcende a simples comunicação e o entendimento humano. A repetição da ideia de que sem amor nada se seria enfatiza a concepção de que o amor é o fundamento de toda a existência e ação significativa. A música sugere que o amor verdadeiro é altruísta, não busca o próprio benefício e é capaz de suportar contradições e paradoxos, como o contentamento descontente e a dor que desatina sem doer.
A banda Legião Urbana, com seu estilo que mescla rock, post-punk e poesia, conseguiu com Monte Castelo criar uma ponte entre a literatura clássica e a música popular brasileira, trazendo à tona reflexões filosóficas e espirituais. A canção se tornou um hino de amor universal, ressoando não apenas como uma expressão artística, mas como um lembrete da capacidade humana de amar de forma profunda e transformadora. A música permanece como um legado de Renato Russo e da Legião Urbana, inspirando ouvintes a contemplarem a força e a beleza do amor em suas múltiplas facetas.