Sureño (part. Aluisio Rockembach)
Eu ouço a sanga da aguada
Cantando para o potreiro
E o humilde guitarreiro
Batendo corda cansada
Escuto o cair da geada
Enquanto canta basteira
Ouço o ranger da porteira
Princípio e final da estrada
Gritos de parar rodeio
Assovios de recorrida
Eu ouço o marcar do freio
Porque eu nasci dessa lida
Voz de pai trabalhador
Que de mim nunca se foi
Na reza do amansador
Chamando o nome do boi
Silêncios trago da ronda
Da marcha trago o compasso
Graves de antigas milongas
Agudos timbres de aço
Ressonos da cacimbas
O assovio das perdizes
Eu ouço um rio de águas limpas
Beijando rama e raízes
Herdeiro das vibrações
Premiadas pelo silêncio
Trago esta caixa de sons
Minha riqueza do avesso
Na bruta transformação
De ouvir mais o que conheço
De andar tão longe do chão
E tão perto do começo
Eu vim de um mundo de sons
E cantares tão bonitos
Onde cada vibração
Vira canção no infinito
Do berro, trote, tirão
De causos, rezas e ritos
Conheci a voz do meu chão
Quieto que eu acredito