Adeus Orelhas de Abano
Enquanto vão riscando
A banir novas palavras
E quando, entretanto
Veneram velhas ideias
Ouvem-se borburismos
Meneios peristálticos
Da lagosta na cabeça
Da brigada do reumático
Cheiram ao doce cheiro
Do odor das violetas
Por isso e por enguiço
Dormem rente aos cemitérios
Flatulentos bandulhos
Tóxicos de gás à míngua
Já morrem envenenados
Ao morrer a própria língua
E adeus orelhas de abano
(Línguas bífidas
Fulanos e sicranos
E beltranos
Delambidos, desabridos
E mais idos que jazigos)
Lá vai mais um epitáfio
Botas cardadas do solfejo
Falhos de imaginação
Escrevem mal com o pé no lápis
Com o lápis do pé na mão
Fica o censor em confusão
(De fandangos, malhões
Lavacolhos, charamba
Laços, cana-verdes
E repasseados
E santa-marinhas
Zé-pereiras
E um baile mandado
Marafado
Cantos de adufeiras
Pandeiradas
Mais saias e viras
E baladas)
Mas p'ra que aprenda o tal penetra
Aqui vão mais uns et cetera
Et cetera
Et cetera
Analítico, analista
Em paleolítico inferior
Rupestre e muito rara
É a sua própria cara
Trazem longas cornetas
Penduradas nas orelhas
Da pilosa até aos tímpanos
De Eustáquio às sobrancelhas
E mesmo assim os "sonotonos"
Feitos a preto na cor
Vão surdos de melodias
De colarinho à lavrador
Sem poesia que os salve
De pleonasmos divinais
Dão gozo na anacolutia
E pela anástrofe muito mais
E adeus orelhas de abano
(Línguas bífidas
Fulanos e sicranos
E beltranos
Delambidos, desabridos
E mais idos que jazigos)
Lá vai mais um epitáfio
Botas cardadas do solfejo
Falhos de imaginação
Escrevem mal com o pé no lápis
Com o lápis do pé na mão
Fica o censor em confusão
(De fandangos, malhões
Lavacolhos, charamba
Laços, cana-verdes
E repasseados
E santa-marinhas
Zé-pereiras
E um baile mandado
Marafado
Cantos de adufeiras
Pandeiradas
Mais saias e viras
E baladas)
Mas p'ra que aprenda o tal penetra
Aqui vão mais uns et cetera
Et cetera
Et cetera
Et cetera
Adeus orelhas de abano