Caboclinho

Dimboré / Olavo Francisco da Silva / Valito

Olhando aquela porteira
Do lado de uma paineira
Ainda existe uma casinha
Toda velha esburacada
Sem morador e sem nada
Fica bem perto da linha

Ali teve alegria
A paineira florescia
E os passarinhos cantavam
Quando a noite surgia
Lá da varanda se ouvia
Uma viola que ponteava

Caboclinho ali vivia
Com um filho e Maria
Sua eterna companheira
A mulher que ele amava
Outros planos já traçava
Foi ingrata e traiçoeira

Desviando o pensamento
Não cumpriu o juramento
Outro homem acompanhou
E sem pensar em mais nada
Fugiu de madrugada
E nunca mais voltou

Caboclinho entristecido
Com o golpe recebido
Quase enlouqueceu de dor
Para a mágoa aliviar
Pra bem longe foi morar
E a casinha abandonou

Quando a paineira floresce
E o cheiro resplandece
Muitos recorda o passado
As flores é recordação
Da triste separação
Desse lar abandonado

Hoje conto esta história
Não tive muita glória
O mundo me ensinou
Fiquei sem o meu paizinho
Que me deu tanto carinho
Mas a morte ele levou

Minha mãe nunca mais vi
Ninguém sabe o que senti
Quando ela me abandonou
Sozinho sem os meus pais
Na vida sofri demais
Mas Deus me amparou

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