Mani da Oca
MANI DA OCA
Destapei ramas guardadas na tafona sentinela.
Piquei tudo a meio palmo, só despontando as barbelas.
Na verga sulcada a bois, a família na empreitada,
fim de agosto, pra minguante, passo a passo foi plantada.
Passo a passo foi plantada.
O guri depois da escola também nos deu uma mão.
O sol deitou no horizonte e o campo se fez canção.
Mani voltou para as tribos! Se tornou farinha e pão.
Alimenta nossas mesas porque o índio é nosso irmão.
Tantas faces têm o homem, um só Deus que nos conforta.
Mandioca doce ou amarga, cor da casca pouco importa.
Mandioca vem da “Maniva”, cipó que picado em ramas.
Replantado em campo aberto engrossa suas raizamas.
Primavera, aqui no sul! Quando refloresce a vida...
Surge um novo mandiocal! Bom gaúcho sabe a lida.
O talo cresce ligeiro. A raiz demora mais.
Vai nutrir pobres e ricos e alimentar animais.
Declamado....
Como era linda Mani, índia pele branca.
Morreu jovem... e enterrada na colina,
por sobre a tumba da menina nasceu planta com branca raiz.
Tinha voltado a alma de Mani! ... Mani da oca!