Engenho Velho
ENGENHO VELHO
ENGENHO VELHO CANSADO,
BEM LÁ NA CURVA DO RIO
SOU O GURI QUE FUGIU
E TE DEIXOU SOLITÁRIO
SÓ LEMBRO DA MINHA MÃE
CHORANDO NA DESPEDIDA
POIS UM CAPRICHO DA VIDA
FEZ DE MIM UM MISSIONÁRIO.
SAÍ ATRÁS DE RIQUEZAS
DESSAS DOS BENS MATERIAIS
MOTIVADOS POR CONCEITOS
QUE O DINHEIRO TRÁS VALOR
ME DEI CONTA MUITO TARDE
DEPOIS DE VELHO E TRISTONHO
QUE PERDI TODOS MEUS SONHOS
NO FUNDO DE UM CORREDOR.
TEU GURI AINDA É O MESMO
MEU QUERIDO ENGENHO VELHO
O TEMPO NÃO ENVELHECE,
POIS, A LEMBRANÇA PERSISTE
EU SEI QUE A ENCHENTE É DE MÁGOA
DE RECORDAÇÕES E PRANTO
MAS SE PENSO EM TEUS ENCANTO
NÃO CONSIGO VIVER TRISTE.
EM SONHOS VEJO TEUS MONTES
OS COQUEIROS SARANDEANDO
OS PASSARINHOS CANTANDO
EM MEIOS DAS MATARIAS
A RELVA DORME EM SILÊNCIO
ESCUTANDO OS MANANCIAIS
E A AURORA TROCA ENXOVAIS
PRA CONCEBER OUTRO DIA.
QUANDO MEU SONHO ME TROUXE
MINH`ALMA FICOU AÍ
QUEM SABE NAS TUAS ÁGUAS
NO CANTO DE UM SABIÁ
NAS FIGUEIRAS DAS BARRANCAS
BARBAS BRANCAS QUE NEM EU
ME DESTINO SE PERDEU
E EU NUNCA FUI PROCURAR.
CADA VEZ QUE RODA A MOENDA
VEJO NA TELA DO TEMPO
A MOÇA DE LONGAS TRANÇAS
PASSANDO SOBRE A PINGUELA
ESSA SIM PARTIU COMIGO
TEM O NOME DE SAUDADE
VEIO EM MIM PARA A CIDADE
POIS EU ME CASEI COM ELA.
