De um Campesino Romance
DE UM CAMPESINO ROMANCE
A guitarra a meia espalda
O lenço abanando ao vento
A imagem no pensamento
Retrata o rosto tão lindo
De alguém que esteve pedindo
Anteontem em casamento.
Dez léguas até a estância
No trote do pingo mouro
Quem retorna do namoro
Na solidão dos caminhos
Não esquece dos carinhos
E nem dos cabelos louros.
Até o barulho dos cascos
Do flete no corredor
Não, não distrai o payador
Que guitarreou o destino
E agora é quase um menino
Nos brinquedos do amor.
Lembra ao fechar a porteira
No momento da saída
Na discreta despedida
Era um retrato a janela
Aquela face tão bela
E apenas a mão erguida.
Partiu, mas levou saudade
Pra uma semana de ausência
Calado nem põe tenência
Nos atalhos para estância
Só o flete sabe a distância
E o caminho da querência.
Revivem então o momento
De quando se conheceram
Dois, dois sorrisos floresceram
Em lábios cor de pitanga
Naquela beira da sanga
Que eles jamais esqueceram.