No cruzar Daquela Cruz

Volmir Coelho

Eu vi que as garra vão frouxa
E a égua roliça tava se cuidando
...queria levá uma paliça
De relho e espora co's cusco pegando

Já tava com quatro galope
Bem mansa de baixo quando se negou
Bem lá de fronte a cruz velha
Onde muitos índio de lá disparou

E dizem que o vento se volta
Que a terra se mexe bem nessa cruzada
...Mas isso é trova dos índio
Que não se garantem domá uma potrada

A égua tava se cuidando
Mirando pra cruz e eu tapei de grito
...E na Segunda negada
mostrei que meus garfo não são pra bonito!

Saltou cuspindo macéga
Abrindo buraco numa polvadeira
...E não me diz que a tal cruz
que fez minha égua ficá caborteira

Se foi eu não acredito
Mas eu não duvido dessa assombração
...E sempre que cruzo na cruz
Os potro bombeiam eu encho a tirão
...E sempre que cruzo na cruz
Pr'aquele finado eu faço oração!

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