Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
A Eterna Chama do Amor em Soneto de Fidelidade
O Soneto de Fidelidade é uma das obras mais emblemáticas do poeta e compositor brasileiro Vinicius de Moraes, conhecido por sua habilidade em traduzir sentimentos complexos em palavras simples e profundas. A música, que é na verdade um poema musicado, reflete sobre a natureza do amor e a dedicação apaixonada do eu lírico ao ser amado.
A letra do soneto é uma promessa de amor eterno, onde o eu lírico se compromete a estar atento e dedicado ao seu amor de maneira intensa e constante. Através de uma linguagem poética, Vinicius de Moraes explora a ideia de um amor que é vivido plenamente em cada momento, seja na alegria ou na tristeza. A repetição da palavra 'sempre' e a expressão 'em cada vão momento' reforçam a ideia de um amor onipresente e atemporal.
O último terceto do soneto traz uma reflexão filosófica sobre a mortalidade e a natureza efêmera da vida. O eu lírico aceita que o amor pode não ser imortal, 'posto que é chama', mas aspira que seja 'infinito enquanto dure'. Essa famosa linha final sugere que a intensidade e a verdade do amor não são diminuídas por sua transitoriedade. Pelo contrário, a beleza do amor reside justamente em sua capacidade de ser infinito nos momentos em que é vivido. Vinicius de Moraes, com sua sensibilidade característica, nos lembra que o valor do amor está na qualidade de sua experiência, não em sua duração.