Sertão da Ribeira
Chora minha terra, sertão da Ribeira
Resplandece as flores, brilha a cachoeira
Geme a rolinha sobre a caneleira
Canta lá na mata o sabiá coleira
Fico admirando nas tardes fangueira
Bando de cuitelo sobre a roseira
Quem sente paixão sofre a vida inteira
Suspira e padece mesmo que não queira
No romper do dia canta a passarada
Na minha janela fazendo arvorada
Minha alma suspira triste amargurada
Recordando o tempo e minha doce amada
Que me disse adeus na encruziada
A vida sem ela já não vale nada
Seu lindo rostinho na areia da estrada
Apagou pra sempre com a chuvarada
Quero ser alegre, mas não posso não
Porque a saudade e a recordação
Fizeram morada no meu coração
Suspiro e padeço sem consolação
Porque quem eu amo me fez judiação
Vivo lamentando sua ingratidão
Não suporto mais esta solidão
Se ela não voltar vou morrer de paixão