Corte e Cultura
[Verso 1]
Fecham-se as pestanas, pêlo a pêlo, de par em par
Mãos no comando, estando o mundo a instalar
E quando o foco paira parco o grilo adormece
Terrário tranquilo sonha o que a vida esquece
Seguem-se episódios alegóricos, ficção
Históricas histéricas linhas de narração
Mas se forem comparadas com a vida que eu levo
Reparo de repente em quem me escreve
Realidade em doses controladas, colher de chá IDR
Óculos escuros, copos turvos, е prossegue
Mas lá porque o quе a moda canta conta o alheio
A empatia é hashtag, o estranho vira passado
A bolha nunca mexe
Opaca transparece a posse, a prece e o passa a pasta
[Verso 2]
Toca e foge de responso: cargos com bonanças
Quem ficou de tomar conta das crianças?
Fugiram da sua alçada de sorte alada
Sem vergonha jogaram mão
Nem deixaram nada, e a lei que sobrava apagada foi sem deixar caução
Quem de perfeito juízo atira-se à matança
Chovem pregos, chovem pragas, chovem perigos
Correm gritos surdos-mudos sem dar vazão
Vivem cegos, pagam chagas, saram cheques, cozem vivos todos sem saber razão
É o preço a pagar pela dormência
[Verso 3]
Mal está o homem quando o mundo todo pára
Mal está o mundo quando o homem bom se cala
Homem, com M grande
Ó mãe, dissipa o fumo que faz ver o homem bom em mim