Geada
Mêis de agosto é de desgosto
Um ar triste amanheceu
Fazendero e sitiante
Todo mundo entristeceu
Vendo a lavoura torrada
Da grande geada que deu
O café vestiu de luto
O mato verde morreu.
O roceiro soluçando
Otra vêis vai trabaiá
O sorriso do Brasil
tá no verde matagá
Prantando para o futuro
Livrando a fome em gerá
Esperando a coieita
Ou tudo o que Deus mandá.
Manheceu o dia triste
Vendo as mata destruida
E as flores sem perfume
As fôia morta caida
Ficô mudo os passarinho
De ver o sertão sem vida
O caboclo oiando triste
As suas roça perdida.
Abalou de sul a norte
A nossa vida cançada
Chóra o gaúcho nos pagos
Vendo morrê a boiada
Reclama o pobre roceiro
Vendo a lavoura queimada
Morrendo sua esperança
Na cinza triste da geada.