Elegia 5 - Elegia da Distancia

Tom Drummond

"Enterre a mim
Enterre a vida que não quer viver
Que em cada ato impõe seu desprazer
Descrente que um milagre vá remendar
O que o tempo condenou
Na veste de agressor
Desmancha o que era eu
E sigo a recolher os meus pedaços
Os passos, os rastros, os traços
Que só sei achar neste rosto
Que com o meu se iludiu
Que a vida uniu, só pra morte separar

Dor que enraíza em mim
Que o tempo se faça apressado
Leve o presente e assim
Eu posso viver do passado
Que quiser partir
Pra descobrir a grandeza em se dar
Viver, desbravar a vastidão do amor
Esse que ainda não vê
Insiste em reger
O anseio por aguardar
A ausência dele se desfazer
Me enlaçar
Entre os braços me acolher
Sei que é doentio
Negar o meu vazio
E ser feliz como eu já fui
Mas mesmo assim
Me deixe só
Com as sombras
Que eu mantenho em mim
Me deixe só com as sombras
Que eu mantenho em mim

Ouve a mim e ao meu amor
O que viveu em mim
Minha morte ampliou
Não há por que sofrer
Entre tantas perdas e tanto fim
A vida resguardou você

Ouve a mim e ao meu amor
O que viveu em mim
Minha morte ampliou
Não há por que sofrer
Entre tantas perdas e tanto fim
A vida resguardou você

E eu sei que cada despedida
Requer bem mais que uma oração
Entenda não se entende a morte
O seu dom, sua sorte, o seu ganha pão
Mas se em teu peito há amargura
No meu está a preocupação
E eu sigo a dar conforto
A quem parece entretida com a desilusão

A morte cai do céu
A morte leva ao chão
Muito mais de quem prossegue em vida
Mais do que alguém que já viu conclusão
A morte cai do céu
A morte leva ao chão
Mas, por certo, não há de levar a minha gratidão

Ouve a mim e ao meu amor
Ouve a mim e ao meu amor
Ouve a mim e ao meu amor
Ouve a mim e ao meu amor"

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