O Justiceiro

Leo Canhoto

Eu vim de longe
De onde a chuva é coisa rara
Onde a gente sofre e cala
Dia e noite sem parar
Eu sou de um povo que não deixa pra depois
Sou de onde agarra o boi
À unha no carrascal
Não tive escola
Não escrevo sou grosseiro
Mas porém sou brasileiro
Deste céu azul de anil
Durmo em baixeiro estendido no pedregulho
Mesmo assim eu me orgulho de ser filho do Brasil

Perdi meus pais
Cresci no mundo sozinho
Andei por muitos caminhos
Sempre escolhendo o melhor
Passando fome fui vivendo e aprendendo
Devagar fui compreendendo
Que a verdade é uma só
Topei com a onça certo dia na cancela
Perseguindo uma vitela
Cuja mãe tinha morrido
Só sei dizer que a nossa luta foi tão feia
Sangue que manchou areia foi do animal vencido

Como a serpente que ninguém chegava perto
Na tocaia do deserto
Quatro homens fui topar
Quatro sujeitos, quatro cabras indecentes
Tombaram na areia quente sem ter tempo pra rezar
Segui um rastro
De um sujeito macumbeiro
Que tinha dez cangaceiros
Mas veloz do que um puma
Cruzei fronteiras sem temer nenhum fracasso
Na justiça do meus braços desordeiro não se apruma

Você seu moço
Que só vive na cidade
Não conhece a verdade
Que se passa no sertão

Aonde o homem
Faz a lei na pura bala
Onde a gente nem não fala
Pra não perder a razão

Fui cara a cara
Peito a peito
Frente à frente
Vi tombar um inocente
Nas garras de um valentão
Brigaram tanto
Por causa do ordenado
Um deles era o empregado
E o outro era o patrão

Quem fere a ferro
Com ele vai ser ferido
Por Deus nada é esquecido
Liberdade paz e amor
Só a justiça vence no juízo final
Quando tudo for parar
Na balança do Senhor

Curiosidades sobre a música O Justiceiro de Tião Carreiro & Pardinho

De quem é a composição da música “O Justiceiro” de Tião Carreiro & Pardinho?
A música “O Justiceiro” de Tião Carreiro & Pardinho foi composta por Leo Canhoto.

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