Corrido dos Botões

Diogo Clemente

De saudades fala a gente
Tantas vezes sem razão
Saudades só quem as sente
É que sabe o que elas são
Saudades só quem as sente
É que sabe o que elas são

Cada noite aqui te vejo
Junto da minha janela
Somos o vento e a vela
De um barco que não desejo
Trazes mentiras e um beijo
Na boca de quem não sente
Não me iludo por quem mente
Digo eu p'ros meus botões
E a fugir das ilusões
De saudades fala a gente
E a fugir das ilusões
De saudades fala a gente

Hoje sol, ontem luar
Ora luz, ora sol posto
És como as tardes de agosto
Vão e vêm devagar
E eu acabo por esperar
Entre nós e a solidão
Não há tempo nem razão
Quando às tuas mãos perdida
Esqueço as horas e a vida
Tantas vezes sem razão
Esqueço as horas e a vida
Tantas vezes sem razão

Fica o silêncio profundo
Das hora em que não estás
Mas tu chegando és capaz
De me levar num segundo
Tendo-te, amor, por meu mundo
Tenho o mundo à minha frente
Falam da vida da gente
E a quem ouve são verdades
Só não falem de saudades
Saudades, só quem as sente
Só não falem de saudades
Saudades, só quem as sente

Depois de tanto esperar
Entre sinais e segredos
Malfeito fora se os medos
Não ocupassem lugar
E ainda que o teu olhar
Siga as pedrinhas do chão
Eu dei-te o meu coração
E aqui me tens p’lo que for
Só quem tem penas d’amor
É que sabe o que elas são
Só quem tem penas d’amor
É que sabe o que elas são

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