Cantiga de Cangaceiro

Homem nenhum nasceu para ser pisado
É lampi, é lampi, é lampi, é lamparina é lampião
Meu nome é virgulino, apelido, lampião
Passarinho avisou relampiou é lampi
Passarinho avisou relampiou é lampi
Passarinho avisou relampiou é lampi
Bendito louvado seja menino Deus na estrada
Três vez salve o cálix bento e a hóstia consagrada
Também salve a casa santa
Onde Deus fez a morada
Eo rosário de maria minha mãe imaculada
Passarinho avisou relampiou, é lampi
Passarinho avisou relampiou, é lampi
Se o chão não mata a sede
A sede não mata o chão
Fere, corta, rasga e fura
Mas matar não mata não
Bicho de morte, é volante
Que mata sem precisão
Com a mão que balança o santo
Embala a rede do cão
Passarinho avisou relampiou, é lampião
Passarinho avisou relampiou, é lampião
Meu coração é o raso da catarina
Pé de saudade não dura
Dor que não quebra inclina
Mas na paixão meu coração é cajuína
Passarinho avisou relampiou, é lampião
Passarinho avisou relampiou, é lampião
Maria bonita alumia o trançado do chinelo
Com bala de rifle
Papo amarelo é o dito
Que corre no martelo

Padim, padinhu ciço chamou lampião pra combater a coluna prestes
A volante seguiu: Jararaca, pintado, mão foveira, gota brava, sete léguas, pontaria
Cravo roxo, ponto fino, delicadeza, coxete, beleza, linguarudo, zé baião
Antonio caciado, arri ouro, gato bravu, zé baião, trovão, mormaço e mansidão
Foi cabra de magote, parecia procissão!
O governo mandou farda, armamento e munição
Mas o certo, o certo é que a coluna nunca enfrentou lampião!

A viola temperada, enfeitada de fita e pó
Não toca mais em angico
Foi tocar em mossoró
Ficou meu borná de bala
Que eu chamo de curió

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