Chamaram-me Cigano

Chamaram-me um dia cigano e maltês
Menino, não és boa rês
Abri uma cova na terra mais funda
Fiz dela a minha sepultura
Entrei numa gruta matei um tritão
Mas tive o diabo na mão
Mas tive o diabo na mão

Havia um comboio já pronto a largar
E vi o diabo a tentar
Pedi-lhe um cruzado fiquei logo ali
Num leito de penas dormi
Puseram-me a ferros soltaram o cão
Mas tive o diabo na mão
Mas tive o diabo na mão

Voltei de charola de cilha e arnês
Amigo, vem cá outra vez
Subi uma escada ganhei dinheirama
Senhor D. Fulano Marquês
Perdi na roleta ganhei ao gamão
Mas tive o diabo na mão
Mas tive o diabo na mão

Ao dar uma volta caí no lancil
E veio o diabo a ganir
Nadavam piranhas na lagoa escura
Tamanhas que nunca tal vi
Limpei a viseira peguei no arpão
Mas tive o diabo na mão
Mas tive o diabo na mão

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