Alforje
Quem inventou essa tristeza em que me roço
Essa solidão soberba onde me escracho
Esse salão de sinuca onde me gasto
Feito um capacho velho de pensão
Eu sou um homem calmo sertanejo
Que escapo pela vida como posso
Mas me fizeram agir de peito escravo
Que executa sonhos de outros homens
Trago no alforje as palavras
As palavras que não digo
Para soltá-las no dia da festa do povo
Como um revoar de pássaros
Não sei se sou fogo que me acho
Ou se sou, quem sabe, a lenha onde me queimo
Mas sei para que lado estou do tacho
E nego tudo aos donos desse engenho
E mais não digo agora, pois não passo
Apenas de um cantor itinerante
Que puxa pela estrada poeirenta
Seus sonhos amarrados num barbante
Trago no alforje as palavras
As palavras que não digo
Para soltá-las no dia da festa do povo
Como um revoar de pássaros
Trago no alforje as palavras
As palavras que não digo
Para soltá-las no dia da festa do povo
Como um revoar de pássaros
Como um revoar de pássaros
Num qualquer desses domingos