Mestre Sala
Ele levava em triunfo
A porta-bandeira pela mão
Sorria, cantava, girava
E o povo vibrava em cada evolução
Sambou e sambou na avenida
Por anos e anos desfilou
Mas foi nas ladeiras da vida
Que a sua cadência em cansaço se transformou
Quem ia ao desfile só via ele sambar
As suas tristezas ninguém pôde enxergar
O ano inteiro sonhou
Que naquela noite iria brilhar
Mas sua escola passou
Quando o sol já estava a queimar
E o mestre sala ficou
Como flor noturna a murchar
Sem forças para sambar
Depois da noite inteira esperar
Hoje é a porta-bandeira
Que a mão lhe estende afinal
Os passos do mestre de outrora
Vacilam agora
É o seu último carnaval
No próximo ano não vai mais desfilar
Será que alguém na avenida
Dele vai se lembrar?