Armação de sonhos

Reflect

Oh Armação canta quando eu cantar
Da areia até à lua a inspiração que me dás
Do mar até ao sol vou lutando pela paz
Oh Armação canta quando eu cantar
Sente o hino do teu filho quando te vê a brilhar
Sou o castelo na areia que o tempo não vai levar

Passeio estreito, rua apertada, cheira a mar na madrugada
Rasgo de luz no parapeito, janela com vista tapada
Sete andares de betão que fazem sombra na estrada
O ritual repete-se, reflecte-se na calçada
Areia fina esbranquiçada por um país pisada
Pela falésia que cai sobe uma praia privada
Juventude mal ensinada, capacidade desperdiçada
Em três meses de trabalho com ambição ignorada
Tenho o joelho esfolado por jogos naquele pelado
Subo à fortaleza com orgulho no emblema bordado
Com lágrimas de alegria por cada golo marcado
Com sorriso de criança por cada dia aproveitado
O mesmo que passeia por uma aldeia afogada
Em cheias que visitam sem convite na alvorada
É o retrato colorido desta Vila mal pintada
Ao país que leva tudo, mas que cá não deixa nada

Jovens como o que sou, carregados de esperança
Com um futuro à sua frente com falta de confiança
Merecedor de cinco, trago quatro sem razão
Ignorante o professor que rouba a motivação
Projectos não reconhecidos pela gente do poder
Marcam história nesta rua onde te vejo crescer
Não sigas exemplos que nada exemplificam
Companhias mal escolhidas que só te prejudicam
É o tempo desperdiçado em cigarros num café
Apatia que me enjoa de gente que diz ter fé
Estúpida a família que te priva de sonhar
Que é pequena demais p'ra ver o que tens p'ra dar
O prazer que adoras é a dor que amanhã choras
Tira a mão do bolso, abre o livro que ignoras
Chuta a bola colocada, voa ao ritmo da gaivota
Nesta Armação de sonhos escolhe tu a tua rota

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