Abandono
Quem é você que já chegou varrendo a casa
Molhando as plantas ressecadas, ressentidas
Foi pondo a mesa tão bonita e arrumada
Desfez as malas, se instalou na minha vida
E sem licença todo dia me devassa
Depois se entrega, me descobre, me intriga
Fala do mundo, dos amores... Tudo passa
E me conforta quando eu chego, então me diga
Dorme
Pode até me arrancar o cobertor
Diz meu nome, diz que eu sou seu amor
E ao amanhecer, é meu despertador
Me acorda, me chama
Me toca e me ama
Quem é você, nem bem chegou e bateu asas
Fechou a casa, retirou a minha mesa
Refez as malas e saiu da minha vida
Bateu a porta e disse: - Adeus, me esqueça
E quem sou eu pra suportar tal abandono
Acostumado a ser tratado como um rei
Fiquei de um jeito, tô igual a um cão sem dono
O que é que eu faço, então me diga que eu não sei