Eu, o baio e o temporal
O enfurecer do vento
A inquietação da bicharada
A viração que levanta a poeirama da estrada
Ao meu cavalo não diz nada
A reclusão dos paisanos covardes com a vida atada
O uivo da ventania
A chuva vindo guasqueada
Ao meu cavalo não diz nada
Cruzo o campo buscando a paz
Em meio a fúria louca dos temporais
Emudecendo os rastros deixados pra traz
Sigamos eu, o baio, a chuva, raio e nada mais
Com alma de nuvem clara
Calma de água empoçada
E ânsia de seguir o vento no dorso das invernadas
Faço no tempo morada
Feito um fantasma sem rumo
Cortando a várzea encharcada
Com descaso da enxurrada que leva a terra por nada
Faço no tempo morada
Cruzo o campo buscando a paz
Nem que corta a pele o frio que nos castiga
E o baio não nega um passo nem com água até o pescoço
Cancha antiga
Sangue moço
Cruzo o campo buscando a paz
E meio a fúria louca dos temporais
Emudecendo os rastros deixados pra traz
Sigamos eu, o baio, a chuva, raio e nada mais