Colombinas de Vila Mimosa
As colombinas
São meninas de vulvas traquinas de Vila Mimosa
São sensitivas
São médiuns lascivas, padilhas, mulambos que descem formosas
Pros Severinos, Josés, Agripinos que gozam a quinzena que ganham na obra
Beijam o Nordeste na boca
Dos homens que descem as veredas
De Guimarães Rosa
As dançarinas
Celinas, Carinas, Dadás, Virgulinas se fingem fogosas
Vesgas e albinas
Anãs, cafetinas que banham o sexo com leite de rosas
Nascem sem nada
Vendidas na estrada, nos guetos, vielas, favelas e dunas
Vertem lágrimas caboclas
Do alto da compadecida
De Ariano Suassuna
Muitas encontram alegria quando viram putas nas Vilas Mimosas
Tal é a carga de dor e de melancolia
Outras, sem seios, sem pêlos, são mercadorias que alugam na roça
São as meninas escravas das carvoarias
Guardam o segredo dos homens e o choro das feras da periferia
Velhos e jovens soldados da infantaria
E escondem dentro do ventre qualquer dinastia de Deus e o diabo
E os capitães de areia
De Seu Jorge Amado
Beijam o Nordeste na boca
Dos homens que descem as veredas
De Guimarães Rosa