Palanque de Amansar Potro

Jayme Caetano Braun

Esse palanque cravado
Ali na frente da estância
Tenho visto desde a infância
Levar trompada e tirão
Sem afrouxar o garrão
Embora todo lanhado
De mordida de aporreado
E casco de redomão

Palanque cravado fundo
Ao lado do para peito
Tu foste sempre o respeito
Da potrada sobre tudo
Poste velho cabeçudo
Tradicional da campanha
Tira cisma e tira manha
De ventena e topetudo

Quanta saudade palanque
Ao contemplar-te me dá
Meus lindos tempos de piá
Pelas veredas desponta
Eras o touro da ponta
Do meu primeiro rodeio
Que eu laçava pelo meio
Nas lides de faz de conta

Palanque de amansar potros
Puro cerne de pau ferro
Ainda me lembro do berro
Daquele zaino aporreado
Que como um louco abraçado
Te mordeu o dia inteiro
E do redomão oveiro
Que morreu descogoteado

Meu gateado mala-cara
E o burro troncho orelhano
E aquele petiço ruano
Que quis se bolear comigo
E que ao ficar de castigo
Por causa da picardia
Passou quase que todo o dia
Roncando num pé de amigo

E o negro velho Porfilho
Que era na estância um guasqueiro
E que fincava o bacheiro
No redomão pelas ventas
Enquanto gritava senta
Pra ver se encontras descanço
Pois corda que eu sovo, eu tranço
Tu morre e não arrebenta

Contigo palanque velho
Nas lides de domador
Não precisa orelhador
Nem tão pouco de maneia
Só com três voltas e meia
Do meu cabresto bem grosso
Deixo ringindo o pescoço
Que o urco nem se mosqueia

Eu tenho a impressão palanque
Ao verte assim entonado
Que esta enraizado
Sem que a velhice te arranque
E mesmo que D'us mande
Um outro dilúvio até
Tu as de ficar de pé
Pra palanquear o Rio Grande

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