Gabriela

Conheci a Gabriela em 2003
Ela era a sensação do Liceu de Queluz
T-shirt dos Ramones
O olhar atravessado
Desta estreita desenhada ainda hoje seduz

Quando os miúdos da Amadora faziam farinha
A Gabriela dizia que não era desse saco
Cabeças partidas, cicatrizes abertas
Pedigree que não se ganha de calça e casaco

Mas onde as árvores são de betão
O sangue não sai se derramado no chão

Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
Esta terra não te quer
Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
Esta terra nunca te quis
Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
A nossa vida é um comboio que para andar...
Não precisa de carris!

A Gabriela sempre tinha ouvido dizer
Não há nada que se compare a sofrer num inferno
Mas de que valia pensar na eternidade
Se aqui só o sofrimento parece eterno
Revólver no bolso, pontaria afinada
Um anjo da guarda para se proteger do mal
Depois de o ter tido apontado à cabeça
Passou, a ser, a sua segurança social
Já chega de não ter a vida na mão
Não nasceste para seres derramada no chão

Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
Esta terra não te quer
Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
Esta terra nunca te quis
Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
Ga-ga-ga Ga-Ga-Gabriela
A nossa vida é um comboio que para andar...
Não precisa de carris!

Um dia passando no túnel a caminho de casa
Vi dois vultos de braço em riste
Um disparou, o outro tombou
Com o som mais horrível que existe

Estendida no chão inanimada a Gabriela esvaia-se em sangue
E sussurrou-me ainda que pena que os Ramones deixaram de ser o nosso gangue....

No cimento não há compaixão
E a Gabriela teve no asfalto o caixão!

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