Subúrbio (Poema Suburbano)
Subúrbios, subúrbios
Das moças prendadas
Que fazem bordados
E querem casar
Dos cães vira-lata
Que latem à Lua
Enquanto as galinhas
Se deixam roubar
Das ruas barrentas
Tão simples e humildes
Que até nem os nomes
Se vê nos jornais
E sobem ladeiras
De noite, sozinhas
De cem e cem metros
Um bico de gaz
Subúrbios do tempo
Do chá com torradas
Sofás de palhinha
Xadrez e gamão
Subúrbios teimosos
Dos trens atrasados
Subúrbios pacatos
Do meu coração!
Meu Deus se eu pudesse
Ir dar um passeio
Com as vossas morenas
Cavar um namoro
E vê-las, aos pares
Domingo, nas praças
Sorrindo pra gente
Com um dente de ouro!
Ser noivo no Meyer
Ouvindo uma valsa
O sonho de valsa
Mimoso, subtil
Ser meio mulato
Mulato e foguista
Da Estrada de Ferro
Central do Brasil