Mina de Fé

Mano Gueto

Porra ainda me lembro daquele tempo,vivia no veneno sem da valor ao sentimento
De boca em boca quebrando a cara,e você me esperando com o rango pronto em casa
2 da madrugada você preocupada,e eu curando a ressaca cheirando pó enchendo a cara
Quando chegava em casa era só desgraça,discutia paranoia;puro efeito da droga
Comida na mesa fruto do seu trabalho,com 20 por semana se matando limpando barraco
Eu maluco imprestável tirava até pro cigarro,quando não toda a grana pra paga ex-presidiário
Outro dia na fissura sem dinheiro,não tive pena e joguei contra o espelho
Ficou sentada cortada não disse nada,com hematoma na cara;do olho escorria lágrima
Vendi o sofá a cadeira pro dono do bar,sai de casa e fiquei 5 dias sem-voltar
Na chegada perguntou onde eu andava,me abraçou e soluçando disse que me amava
Meu coração de pedra como sempre não sentiu nada,levou soco tapa na cara olhei no chão só dei risada
Desde a roupa passada e eu não dava valor,um viciado do caralho q nunca sentiu amor
A única pessoa que quis em mim acreditar,subjuguei não tentei e só soube maltratar
A TV que de presente ganhou do seu pai,vendi sem pena na boca por 10 reais
Quando saia pedindo caneca de arroz pra vizinha,eu com as mina na boate enchendo o cu de farinha
Cheguei em casa chutei panela não quis nem sabe,quero dinheiro sua cadela preciso bebe
Quando não ameaçava com o oitão,se não tinha oque eu queria partia pra agressão
Certo dia de boa deitado na cama,me fez pensar na pergunta você me ama?
Se pá até pensei mas não respondi nada,na expressão do seu rosto vi que ela chorava
Sexta-feira cheirado meti o tio da padaria,mas no beco dei vacilo levei tiro do vigia
Na cama fez curativo limpou a ferida,fez conta que nem podia antibiótico na drogaria
Conseguiu carona pro pronto socorro,eu na mesa de operação ela na gruta rezando
Fez promessa pra santo pra minha recuperação,perguntou como eu tava pro médico de plantão
Olha o caso é de risco a bala entrou no pulmão,preocupada desmaiou caiu no chão
3 dias sem-comer sem dormir no hospital,fraca e mesmo assim esperando um bom sinal
Cirurgia um sucesso sai bem já tava em casa,limpa essa porra direito sua vaca
La fui eu mais uma vez quero crack desesperado,não vai ter duas vez pá no dono do mercado
Quem me queria trabalhando e não ferrado,me viu tomando soco dos PM algemado
Mesmo assim levo cigarro no dia de visita,eu filho da puta ingrato ainda chamei de vadia
Mais uma vez chorando disse amor eu te amo,cinto muito mas esse é o fim dos meus planos
Como sempre na favela policia e bandido,ela só no barraco repente escuta um tiro
A bala entro no pescoço saiu nas costas,quando levantou da cadeira já caiu morta
Aqui nesse lugar trancá fiado,sombrio gelado pra sempre um condenado
Sair daqui não tem sentido e hoje vivo lembrando,se quem me amava não vai ta la fora me esperando
Hoje vejo que não dei valor pro seu esforço,que sua luta por mim só foi fracassos e sonhos
Pra esquece dessa vida com crack cocaína,na batalha perdi pra droga e não dei valor pra minha mina.

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