Ode Marítima
Sim vou de viagem
Nessa busca
Na miragem
Desse corpo
Que me chama
Que me assusta
Que me frustra
Que me rói
É tudo limo e certo.
O teu ventre
O mar desperto
Os teus braços
Mil sargaços
Nos teus flancos
Febres
Tempestades a domar
Escravo das correntes
Dessas algas
Nessas costas calmas.
Longas arranhadas
De arrecifes e coral
Eu fui me agarrar
Exausto, desigual
E nos teus lábios densos
Nessas praias que eu pisei
Eu fui naufragar
Gritando meu amor.
Teu corpo
Minha queixa
Não me deixa
Me fascina e assim
Pra sempre agoniado
Atirado em teus abismos
Eu me perco para nunca
Mais voltar.