Normal

Natal
Prepara a roupa de Papai Noel
Enfrenta a fila no Shopping Total
Traz pro filhote um brinquedo azul
Exatamente como ele pediu
E pensa como sou um cara legal

Entra no carro e avisa a Raquel
Usando um tom quase professoral
Dizendo amor faz aquele pernil
Deixa claro, mesmo quando sutil
Que ele tem a palavra final

Arranca e corre cantando pneu
Mas para já no primeiro sinal
Trancado num protesto estudantil
Abre o vidro chama de imbecil
O pretinho ali tem cara de marginal

Lembra de quando o filho ia ao museu
Foi à escola esculhambando geral
Dizendo onde é que já se viu?
Será que o filho iria ser viril
Se no museu lhe mostrassem o pau

Que bom se fosse tudo um grande quartel
Educação coturno de general
E todo mundo para sempre servil
Amando a nossa pátria mãe gentil
Pra quem protesta um belo funeral

Domingo à noite, ele está no bordéu
Ouvindo um comandante boçal
Nós nós temos que dar armas para o civil
Esse revólver é bastante macio
E ele apaga qualquer animal

Dirige até o primeiro motel
Buscando um pouco de consolo carnal
Quando dois homens aparecem num Clio
Puxa o revólver de um jeito febril
Só dá por si no leito do hospital

Há muito tempo não lembrava de Deus
Mesmo que sempre defendesse a moral
Teve certeza que iria pro céu
Deus não daria um destino cruel
Para um sujeito que era tão normal

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