Metades
Metade de mim te adora
Metade de mim te odeia
Metade te põe bota fora
E a outra metade te anseia
Se a minha mão te afaga,
Te alisa e até te protege
A boca te roga uma praga
Na força descrente do erege
A boca te roga uma praga
Na força descrente do erege
Metade de mim é teu teto
E a outra é o teu desabrigo
Eu te dou a luz e te cego
Sou misto de joio e de trigo
Metade de mim te descarta
E a outra metade te chama
A alma de ti anda farta,
Mas meu corpo te leva pra cama
Metade de mim te engasga
E a outra teu grito liberta
Se um dos meus lábios te rasga
O outro remenda e conserta
Meu ódio mortal te envenena,
Mas vem meu amor e te cura
Vestida te acho obscena
Despida te chamo de pura
Vestida te acho obscena
Despida te chamo de pura