Mutirão do Italiano
O italiano Dante Cioffi
Fazendeiro endinheirado
Perto de Poços de Caldas
Tinha um cafezá formado
No primeiro mutirão
Me mandô esse recado
Você amola bem a enxada
E venha bem preparado
À noite vou dar um baile
Com vinho e leitão assado
Também vem lá da Mogiana
Um carpidô afamado
Pra quebrá o braço da turma
Que mora por esses lado
Levei o Zequinha Vieira
Um caboclinho direito
Pra vê o moço da Mogiana
Com ele passar estreito
O Zequinha tirô a bota
Pra trabaiá com mais jeito
Pôs em cima de um cupim
E saiu metendo os peito
O tár moço da Mogiana
Não escondia o despeito
Teve a filha do italiano
Num namoro satisfeito
Torcendo para o Zequinha
Ser o primeiro do eito
E foi bem antes do armoço
Que o Zequinha terminô
Ponda a enxada nas costa
Pra rapaziada gritô
No cabo do guatambú
Nunca achei quem me quebrô
E dali saiu se rindo
Por ser muito brincadô
Quando foi carçar a bota
Sua feição amarelô
Uma urutú cruzeiro
No seu pé ela picô
Estava dentro da bota
E o rapaz não desconfiô
A pobre moça chorava
Vendo o rapaz agonizando
Suas úrtimas palavra
Lá no céu tô te esperando
Porque Deus foi separá
Nosso amor que ia brotando
A moça saiu correndo
E no rio foi se jogando
Só o seu lencinho verde
Nas onda ficô boiando
O moço lá da Mogiana
Tava triste arreclamando
Terminô em guardamento
O mutirão do italiano
No outro dia uma surpresa
Deixô o povo alí pasmado
É que o moço da Mogiana
Se apresentô ao delegado
Doutor o senhor me prenda
Que eu devo um crime dobrado
Pois fui eu o causador
Da morte dos namorado
Por amar a italianinha
Me tornei um desgraçado
Visto ela ter morrido
Pra mim tudo está acabado
Urutú dentro da bota
Eu que tinha colocado