Copo Na Mão
Outra noite começa e você tá no mesmo sofá
Pensando no mesmo problema de ontem
Com um copo na mão
Tentando não pensar
O peso de uma vida inteira
Tentando fugir sem sair do lugar
Cê achou que o copo na mão podia te ajudar
Por isso que a mãe dos filhos achou que é melhor não ficar
Toda escolha tem uma consequência
Na época você não tinha ciência que essa não dava pra voltar atrás
Toda noite cê afoga o passado em cada gole dessa anestesia
E toda manhã o mesmo passado é a primeira coisa que te dá bom dia
Você achava que era brincadeira e que viveria com a sua decisão
Por isso que toda noite você volta pro início de tudo com o mesmo copo na mão
(Com o mesmo copo na mão)
(Hoje eu espero que não)
E logo você que jurou que ia ser diferente
Que não seria pro seu filho o pai que seu pai foi pra você
Violento e ausente
Repetiu o ciclo sem nem perceber
Inconsciente
Nem sobrou tempo de se arrepender
Sobrou tempo sim, mano
Você sabe, não mente
Você ainda tenta se agarrar no orgulho achando que existe vergonha em mudar
Só existe vergonha na sua covardia de não ter coragem sequer de tentar
Você não é uma criança
Mas tinha uma criança em casa quando começou a beber sem parar
E essa criança cresceu sem saber se você ia tá lá
Cresceu sem saber se você ia beber pegar o carro e se acidentar
Cresceu sem saber se você ia beber chegar em casa e começar a gritar
Cresceu sem saber se você ia beber e um belo dia decidir não voltar
Cresceu sem saber se você ia beber ou se você ia parar
Eu sei que é difícil mudar
É mais difícil ainda aceitar o perdão
Por isso todo dia eu volto aqui esperando não te ver com o copo na mão
(Com o mesmo copo na mão)
(Hoje eu espero que não)
(Com o mesmo copo na mão)