Dois Manos

Matou
Sangrou

A mesma idade, o mesmo sonho em cada um
Além de pobres tinham mais coisa em comum
Não aceitavam aquela vida que viviam
E a escola não daria o que queriam
Primeiro assalto meteram uma padaria
Nem tinha arma mão debaixo da camisa
Corres daqui ali, olha só os neguin
Cheio de milhão, linha de frente na quadrilha

Dali pra frente meter banco era normal
Vitória, Rio, Ponta a ponta litoral
Numa noite qualquer, brota uma mulher
Que só viria pra trazer discórdia e mal

Matou, o irmão que Deus nunca te deu
Sangrou, o mesmo sangue seu
Matou, o irmão que Deus nunca te deu
Sangrou, mesmo sangue seu

E um dos manos se envolveu com essa mulher
O outro disse "Se tu ama, vai na fé!"
E aquele abraço comoveu quem assistiu
"Primeiro filho é com o seu nome", o outro riu
Mas na favela geral já tava ligado
Ela queria era o outro considerado
Mas ele certo, fingia que não notava
E o ódio dela foi ter sido ignorada

Usando a arma que um dia ele te deu
Falou pro mano "Aquele não é amigo seu!
"E não é de hoje que ele tá me querendo
Que até te mata e sem nem nada, amor, vai vendo!"
E o mano saiu, e logo o outro viu
Pegou a peça e gritou "Cê ta de maldade!
Cantando minha mulher, logo você, qual é
O crime é crime não aceita pilantragem!"

E o outro mano sussurrou sem se mexer
"Por essa vida que eu dei pra te proteger
Nunca fiz isso, eu te juro, meu irmão
Tô dando as costas agora é sua a decisão..."

Matou, o irmão que Deus nunca te deu
Sangrou, o mesmo sangue seu
Matou, o irmão que Deus nunca te deu
Sangrou, mesmo sangue seu

Por mais riqueza que haja no mundo
Quem tem amigo tem tudo, tem tudo!
O coração dos manos dói no fundo
Este Natal foi de luto!

Por mais riqueza que haja no mundo
Quem tem amigo tem tudo, tem tudo!
O coração dos manos dói no fundo
Este Natal foi de luto!

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