Residêcia Dos Loucos
Forneceram as peças pra nós
E naquele assalto nós se demos bem
Recolhemos a mercadoria
O dinheiro do caixa e o estoque também
O loira se deita no chão
Não é brinquedo não
Tô falando a verdade
Vejo câmera em todos os cantos
Então manda para com a filmagem
Traz a porra da fita pra nós
Porque nosso bonde não é de deixar rastro
157 toma lá da cá
Especialistas em assaltos
Nessa fita tava os Barcelombra, Comporta e Bava
Fundão da Vitel
Carga explosiva
Produto importado é o que
A.R. Baby de Israel!
(Moro aqui mó tempão)
Moro na zona noroeste onde residem só os loucos
Louco
Nois leva a vida com sorriso mesmo passando sufoco
Louco, louco
Antes disso na concentração
Fazendo um plano tudo no papel
Selecionando os bandido nervoso
Montando um elenco cruel
A hora e a data eu não sei
E nem me recordo o local
Eu sei que foi emocionante pra mim
Lê a matéria no jornal
Era um Fiat Stilo amarelo
Do banco de couro e o teto solar
E a foto de um indivíduo estampada
No expresso popular
Pode crê que o jornal se enganou
E que não era nenhum dos moleque
Só uma coisa que a mídia tá certa
A cena todinha procede
Mais pra frente que eu fiquei sabendo
Que um cinegrafista amador
Filmou a gente de longe
E essa matéria a tribuna comprou
Foi parar lá no Linha Direta
Virou até simulação em 3D
Repercutiu nos estados brasileiros
No mundo inteiro
É o famoso P, é o famoso P, é o famoso PCC
(Moro aqui mó tempão)
Moro na zona noroeste onde residem só os loucos
Louco
Mais levo a vida com sorriso mesmo passando sufoco
Louco
A Narrativa de Um Assalto no Funk de MC Felipe Boladão
A música "Residência Dos Loucos" de MC Felipe Boladão é um relato cru e direto de um assalto, narrado em primeira pessoa. A letra descreve com detalhes a execução de um roubo, desde a preparação até a fuga e as consequências na mídia. O artista, conhecido por suas letras que retratam a realidade das periferias e o cotidiano do crime, utiliza a música como uma forma de contar histórias que muitas vezes são invisíveis para a sociedade em geral.
A canção começa com a descrição de um assalto bem-sucedido, onde os criminosos conseguem levar dinheiro e mercadorias. A narrativa é feita de maneira quase cinematográfica, com menções a câmeras de segurança e a preocupação em não deixar rastros. O uso do termo '157', que no código penal brasileiro se refere ao crime de roubo, reforça a autenticidade e a linguagem própria do universo do crime. A música também menciona o PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das maiores organizações criminosas do Brasil, o que sugere a magnitude e a seriedade do assalto retratado.
No entanto, a música não é apenas um relato de um crime, mas também uma expressão da identidade e da realidade vivida pelo MC e por muitos que residem nas periferias. O refrão, que repete a frase 'Moro na zona noroeste onde residem só os loucos', destaca o orgulho e a resiliência dos que vivem em áreas marcadas pela violência e pela marginalização. A música de MC Felipe Boladão, portanto, é um retrato social que utiliza o funk como veículo para dar voz a experiências muitas vezes marginalizadas e incompreendidas pela sociedade.