Quartzo

[Letra de "Quartzo"]

[Verso 1]
Amigos meliantes
Outros encarcerados
Alguns esfaqueados e outros falecidos
Uns enlouquecidos e ele ainda gaiato
Já estava farto do jogo do gato e do rato
Pondera as opções, mas não há saídas
Todas barricadas, zonas empobrecidas
Quer evadir-se do sítio onde só há reféns
Para tentar evitar o medo de todas as mães
Receber uma chamada a cobrar no destino
Em nome do filho que está no presídio
A sua figura paterna foi o abandono
Coração de quartzo esmagado no torno
Alienado vagueia até ficar cansado
Ao seu lado na soleira, um velho sentado
Que lhe diz: "meu rapaz não somos diferentes
Nem precisas de falar, eu sei o que tu sentes"

[Refrão]
Homens de carne e osso
São personagens
Onde caixotes de betão definem paisagens
Cicatrizes do passado, são tatuagens
Estes sonhos lúcidos são só miragens

Homens de carne e osso
São personagens
Onde caixotes de betão definem paisagens
Cicatrizes do passado, são tatuagens
Estes sonhos lúcidos são só miragens

[Verso 2]
Eu já calcei os teus sapatos
Portanto ouve. superei os obstáculos o melhor que soube
O melhor estratagema deste sistema
É nunca te dizerem que tu és um poema
E fazerem-te pensar que nada riscas
Quando tens oportunidade e nem arriscas
Porque o problema nunca é o problema
É a postura perante o que se te apresenta
Queres sair do bairro? ele está entranhado
Impregnado em ti, vai para todo lado
Vai contigo amigo, aceita e transcende
Não é o inimigo, é só rastilho, acende
Esse estigma que te mina é o paradigma
Que fulmina a sina
De tanta gente digna
Liberta-te, quebra já o condicionamento
O que te limita é tão somente o pensamento

[Refrão]
Homens de carne e osso
São personagens
Onde caixotes de betão definem paisagens
Cicatrizes do passado, são tatuagens
Estes sonhos lúcidos são só miragens

Homens de carne e osso
São personagens
Onde caixotes de betão definem paisagens
Cicatrizes do passado, são tatuagens
Estes sonhos lúcidos são só miragens