Tranquilo
Pode crer
No dia em que tu partiste
Não me entreguei a um chilique
Tão quieto que eu me mantive
Não gritei pedindo "fique!"
Nem nada que identifique
Pedaços de bad trip...
Pode crer
No dia em que tu partiste
(E isso eu nunca te disse)
Não tive deprê ou crise
Só concluí que existisse
Dentro da minha psique
Um carnaval alegre, outro triste
Pode crer
Carnaval feliz consiste
Em juntar beleza e chiste
Bom pra quem brinca ou assiste
Dançar lambada ou twist
Voando de esputinique:
Um anjo, um pajé, um cacique
Pode crer
Já no carnaval fudido
O sujeito fica rendido
Feito um pandeiro caído
Rodando desentendido
Latindo um samba sentido
Que chega a ferver no ouvido
Pode crer
Se eu sentisse diferente
Olhava na minha frente
Entregue completamente
E recebia inocente
Como quem ganha um sorvete
O amor, num abraço quente
Pode crer
Mas dessa capacidade
Não tenho facilidade
E aos trinta anos de idade
Entendo pela metade
Odeio e sei que é verdade
Que existe a dor e a saudade
Pode crer
Tranqüilo, rapaziada
Pra mim eu não quero nada
Pois em se tratando de mágoa
Eu tenho a alma lavada
Naquela poça encarnada
Onde a moça bebe água
Então
Tranqüilo, rapaziada
Tranqüilo, tranqüilo, tranqüilo
Tranqüilo, rapaziada
Tranqüilo, tranqüilo, tranqüilo
Tranqüilo, rapaziada
Tranqüilo, tranqüilo, tranqüilo
Tranqüilo, rapaziada
Pode crer