Fantasias

Maria Dapaz

Quem me vê nessas calçadas
Encolhido, nas portas do sonho
Molhado, rasgado e tempestade
O jeito de louco
Nos lábios, o riso maroto

Pensará, talvez apenas
Nas trombadas da vida
E dói-lhe o peito em saber
Que amanhã, serei notícia

E no entanto, na pressa
De qualquer compromisso
Deixará nas calçadas, encolhido
Nas portas do sonho, um amigo

Sou um pedaço de noite
Sem máscara, no dia
Sou beijo, o açoite
O desprezo, a agonia
Sou pedaço de chão, sem chão

Sou um bêbado louco
Na loucura da vida
Sou calçada suja, molhada e serena
Sou tua hipocrisia

Sou pra ela, a verdade
O exemplo, a bondade
Sou pra ele, o oposto
Dessa carcaça sem vida
Mesmo assim, ainda sou sombra
Nas ruelas perdidas

Sou a voz que não canta
Calando, ou faz sorrir
Sou moinho quebrado
Sou grito calado
Mendigo o teu beijo
O teu riso mal dado

Sou as aparências apenas
Do que sou, não ria
Cuidado, eu sou desertor
Te dou um conselho
Não me faças favor

Sou noite, sou dia
Sou verdade e fantasia
Sou novato, sou desgraçado
Sou poeta, sou cantor
Sou menino, sou doutor

Sou noite, sou dia
Sou verdade e fantasia
Sou novato, sou desgraçado
Sou poeta, sou cantor
Sou menino, sou doutor

Curiosidades sobre a música Fantasias de Maria Dapaz

Quando a música “Fantasias” foi lançada por Maria Dapaz?
A música Fantasias foi lançada em 1981, no álbum “Pássaro Carente”.

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