Janela de Belém (Olê, Olá, Belém)

Alcyr Guimarães

Olê, olá, Belém.
Olê, olá, Belém.
Velha namorada
que me trai também.

Nem bela e nem formosa,
cabocla desajeitada e pequenina,
simples como a beleza de uma rosa,
mundana, que não pertence a ninguém.

Na janela que se abre aos meus olhos,
me embriago na tua coreografia.
Vivemos como dois aposentados
rabugentos e cansados, e até nos querendo bem.

Olê, olá, Belém.
Olê, olá, Belém.
Velha namorada
que me trai também.

Nas noites que me sinto nos teus braços,
na paz que um cigarro encontrou,
por cima de mangueiras e telhados,
tu me finges o cuidado de quem quase me amou.

Eu digo que tu tens jeito de valsa
que ainda não consigo terminar.
Mais tarde, como antigos namorados,
em qualquer dia de chuva, te convido pra dançar.

(gravada com Pedrinho Cavallero e Clarisse)

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